Conheça o Padrão OFB

O ABC do Padrão

O padrão Original Fila Brasileiro foi elaborado em 2013 pelos primeiros criadores da raça, assim que surgiu a ideia da preservação. Foi elaborada uma versão ilustrada, para facilitar o bom entendimento do texto, considerando que diversos textos de padrão tornaram-se ao longo do tempo, ultrapassados devido às alterações na raça Fila Brasileiro.

A experiência demonstra que apenas o padrão escrito pode ser insuficiente para manter a morfologia e as características raciais intactas, motivo pelo qual se fez necessária a separação das raças OFB e FB, ou FBM.

Considera-se este padrão um ponto de partida para o trabalho de preservação do OFB, não devendo ser considerado algo inalterável. A raça ainda se encontra em estudo para a verificação de detalhes, sobre os quais pode-se chegar a conclusões por motivos técnicos, de que devem ser alterados no futuro. O padrão procura aproximar nossos cães, do antigo padrão dos cães resgatados nas fazendas nas primeiras décadas de seu reconhecimento pelo BKC. Por isso, sua semelhança em diversos itens, com o primeiro padrão Fila Brasileiro, escrito em 1952. Ao mesmo tempo, procura-se distanciar o OFB dos FBM, utilizando para isso as fotografias comparativas. Esperamos que sirva de orientação para nossos criadores, assim como para todos as que se interessam pela raça.

Veja, abaixo, o PADRÃO ORIGINAL FILA BRASILEIRO ILUSTRADO e COMENTADO.

PADRÃO ORIGINAL FILA BRASILEIRO ILUSTRADO e COMENTADO.

Proposta para a criação de um padrão – texto inicial.

APARÊNCIA GERAL.

O Fila Brasileiro é uma raça típica da família dos molossoides: grande porte, ossatura e musculatura muito fortes. Corpo mais comprido do que alto, apresentando figura retangular, porém bem proporcionado e simétrico. A figura é de aparência impressionante, difundindo temor e admiração. O porte é elevado, nunca atarracado. Apresenta nítido dimorfismo sexual.

A

B

Nos dois desenhos acima (A e B), vemos dois tipos morfológicos hipotéticos, ambos com medidas semelhantes, sendo que um deles é ligeiramente mais alto que o segundo, conservando-se o mesmo comprimento corporal.

A segunda forma (desenho à direita) tem sido mais aceita para o Fila Brasileiro, devido ao fato de que a conformação é mais longa, proporcionalmente. Porém a seleção deste tipo pode tornar o plantel atarracado.

Há ainda muito que se estudar no Fila com relação às suas proporções, até que se defina melhor o tipo ideal. Até hoje não se elaborou um estudo completo neste sentido.

C

D

A princípio vamos valorizar cães mais elevados, desde que bem proporcionais e de boa massa corporal, como nas imagens acima (C e D). Observe que as pernas são de bom tamanho, mas sem comprometer a “força concentrada”.

01

02

03. Danúbio, foto de fazenda (1979)

A cinofilia e os clubes em geral tentam construir um tipo de FB, que denominamos Moderno FB (imagem 1), por muitos considerado mais bonito que o antigo Original FB. Mas o nosso trabalho é preservacionista, portanto pretendemos valorizar o tipo como os das imagens 02 e 03.

04

05

06

Devem-se evitar cães de conformação mais concentrada (acima, imagens 04 e 05) que podem ser considerados por alguns belos animais, mas que não poderão ser registrados como Original Fila Brasileiro, assim como os pernaltas e longilíneos (acima, imagem 06).

TEMPERAMENTO E QUALIDADES.

De notável valentia e coragem; caracteriza-se pela ojeriza a estranhos, no entanto de tradicional fidelidade ao dono e familiares, para o quais é extremamente afetuoso, meigo e obediente. Em consequência, é inexcedível guarda de propriedades, sendo também utilizado, com sucesso, na lide do gado, onde demonstra plenamente sua coragem e bravura.

Seu temperamento pode ser classificado como Enérgico: “De reações prontas, na medida exata do estímulo, voltadas para o trabalho a que se destina”.

Quando criado livremente nas fazendas, demonstra forte domínio territorial sobre a área da “sede” da propriedade, sem, entretanto, se mostrar desnecessariamente agressivo, sabendo guardar maior agressividade em defesa do território quanto mais invasiva for a ação de estranhos à propriedade.

Quando criado em propriedades urbanas e em canis, com a função de guarda, e em convívio restrito com a família, desenvolve o instinto de guarda de forma excepcional. Exercerá a guarda com redobrado vigor, jamais tolerando a presença de estranhos em seu território, mesmo que diante dos proprietários.

Como resultado do seu temperamento, nas exposições muitas vezes o Fila ataca o juiz, e via de regra, não permite que este o toque. Tal atitude apenas confirma suas características de temperamento, não devendo ser considerada como falta.

Nas provas de temperamento realizadas obrigatoriamente nas exposições, o Fila deverá defender o condutor, de forma espontânea e sem revelar dependência, jamais recuando diante de agressão simulada. Quando não estimulado, permanecerá tranquilo e autoconfiante sob a condução do proprietário, revelando sistema nervoso de elevado limiar.

Os cães de fazenda poderão ser avaliados in loco, para efeito de autorização para acasalamento e reprodução. No padrão do Original FB, lembramo-nos de contemplar os cães de fazenda.

MOVIMENTOS.

Passos largos, compassados e elásticos, aparentemente pesados, lembrando o dos felinos. Como principal característica, nota-se serem os movimentos gigantes e ondulantes. A passo lento e com a cauda erguida, esta acompanha o gingar do corpo, balançando-se da esquerda para a direita. Estando de cauda baixa, o gingar deve ser perfeitamente perceptível na garupa e nas costelas. Apresenta “passo de camelo”.

O trote é fácil, suave, com grande alcance das pernas dianteiras, como resultado do seu bom comprimento, cobrindo bastante terreno com poucos movimentos. Quando a passo, em regra, o Fila Brasileiro mantém a cabeça em posição abaixo da linha do dorso. Galope poderoso.

PELE E PELAGEM.

Pele grossa e solta, principalmente no pescoço e tronco. Na garganta deve formar barbelas longitudinais, jamais formando papadas. No crânio não forma rugas, podendo formar rugas na face lateralmente, da parte posterior dos olhos até à base do focinho. Em alguns cães de pele maior, forma-se uma “bainha” ao longo do peito, sempre longitudinal, acompanhando as barbelas. A pele será sempre maior que o corpo, porém devendo-se evitar os exageros. Pelo baixo, macio, espesso e bem deitado.

Ocorrem rugas na face, da parte posterior dos olhos até à base do focinho.

COR.

São permitidas as cores sólidas para pelagens lisas e rajadas. Nos unicolores e rajados, são comuns as manchas brancas no peito e garganta, extremidade dos membros e ponta da cauda, podendo o branco avançar a outras partes em no máximo 1/3 do corpo. Nos rajados são preferíveis as rajas de tamanho pequeno, distribuídas de forma irregular às rajas grandes em forma de listras longas.

Não serão aceitos cães pretos, cinza rato, malhados, manchetados, preto e canela, e fulvos e canela. Animais com sinais de albinismo, também não serão aceitos.

Fulvos/canela não serão aceitos.

Algumas antigas linhagens originais produziam cães com grandes marcações brancas. Motivo pelo qual o padrão do Original FB não poderia deixar de contemplar exemplares marcados de branco, desde que apresentem as características da raça em alta qualidade, e não apresentem sinais de albinismo com o branco avançando demais sobre o corpo. Observe-se, o espécime acima com marcações brancas, com excelentes características: porte elevado, grande ossatura, massa corporal bem distribuída, pescoço fortíssimo e cabeça típica. Já animais com coloração fulvo/canela serão descartados.

CABEÇA.

Sempre grande e pesada em relação ao corpo, de aspecto maciço, tipicamente braquicéfala.

Crânio grande e largo, estreitando um tanto abruptamente, ao iniciar-se o focinho. Crânios estreitos e longos devem ser penalizados, já que negam ao tipo molossóide. Jamais a cabeça de um Fila de padrão original poderá ser confundida com a de um Mastif ou Mastin Napolitano, pelo fato de se apresentar tipicamente braquicéfala. Vista de cima, apresenta aspecto nitidamente periforme, que a diferencia dos demais molossos.

O aspecto periforme da cabeça, como das imagens acima, deverá diferenciar o Original FB da maioria dos atuais Fila Brasileiro. Por isso será muito valorizado. As fotos representam animais em períodos de mais de 50 anos (cães sem parentesco). O padrão permanece e pode ser preservado!

O crânio no Original FB apresenta massa substancial, com curvatura visível na calota, sem apresentar stop; ao meio é cortado por um sulco (sulco mediano). Harmoniza-se com o focinho.

Abaixo, exemplos de cabeças que não serão aceitas para a raça, por apresentarem crânios demasiadamente curtos, como mostram as imagens 07 e 08, ou crânio estreito (imagens 09 e 10). Rugas na cabeça também não serão aceitas (imagem 10).

07

08

09

10

Depressão frontal (stop): visto de frente, é praticamente inexistente, continuando em sulco, que se estende longitudinalmente até mais ou menos a metade do crânio. De perfil, a depressão frontal é levemente aparente, formada pelas arcadas superciliares. Protuberância occiptal pronunciada em alguns cães, especialmente nos filhotes, mas nunca excessiva.

11

12

13

Mesmo de perfil, a depressão frontal (stop ou “testa alta”) deve ser pouco aparente no Original. Acima, vemos o errado na imagem 11 e o certo nas imagens 12 e 13. Características que ocorrem no FB que não serão aceitas no Original. Osso occiptal moderado (como na imagem 13) nos animais adultos é o correto. Occiptal muito grande vincula-se a pescoços muito longos, bracoidianos. Não sendo mollosso, não é o Fila Original.

Focinho: de perfil romano, forte, largo, levemente mais curto do que o crânio, mas sempre em harmonia com este. De média profundidade em toda a extensão, terminando em linha quase perpendicular ao osso nasal. Lábios superiores grossos, flácidos e pendentes, sobrepondo-se aos inferiores, dando ao focinho aspecto próximo do quadrado, típico dos molossóides. Lábios inferiores firmes na ponta do maxilar, porém soltos nos lados, onde os bordos denteados são moderados. Linha inferior do focinho praticamente paralela à superior. De cor negra, exceto nos cães de pelagem chocolate ou marrom, nos quais o nariz de coloração marrom é permitido. A profundidade do focinho não deve ultrapassar o seu comprimento, devendo o exemplar ser penalizado na medida do descumprimento deste item. Vistos de frente, os lábios delineiam formato de “U” invertido.

É importante que o focinho seja romano como nas imagens acima, porém não deve parecer focinho de lupóide como do Pastor Alemão. No Original, o focinho é levemente romano e nunca deve formar “ponta”. Os antigos criadores dão a estes cães (de focinho lupóide) o apelido de “bicudo” ou “boca fina”. O contorno dos lábios é bem desenhado, sem exageros e termina em quase perpendicular ao osso nasal. O comprimento do focinho é um pouco menor que o crânio.

Lábios muito grandes (profundidade exagerada do focinho) serão penalizados no Original com rigor relativo ao distanciamento do padrão, podendo ocorrer desqualificação do exemplar nas exposições. No FB há mais flexibilidade quando a esta questão, não havendo consenso entre criadores e clubes sobre os limites aceitáveis. Vê-se acima diversos graus de profundidade do focinho, todas aceitáveis no FB, porém inaceitável no OFB.

No Original FB, a profundidade do focinho poderá ser até 30% maior que o seu comprimento, desde que preservando o seu formato ideal; maior que isso, o cão será penalizado.

14

A proporção crânio/focinho 1 x 1 se adequa melhor ao Dogue Alemão. O que diz o padrão do Dogue Alemão : “A distância da ponta da trufa até o stop é de preferencia igual à distância do stop ao occiptal, que é levemente marcado.” Não é portanto a realidade do Original FB (imagem 14), podendo ser a de alguns FB.

15

16

Focinhos muito longos induzem a crânios estreitos. O formato de pera fica comprometido como demonstrado acima; a imagem 15 demonstra o errado (cabeça estreita) e a imagem 16 demonstrando o certo (periforme).

Os contornos corretos dos lábios e a rima labial em “U” invertido (vistos de frente) serão não só mais observados e valorizados no Original FB, mas também serão uma exigência.

Dentes fortes, brancos. Caninos bem afastados. Incisivos superiores largos na raiz e estreitos na ponta. Mordedura em tesoura. Narinas largas, bem desenvolvidas, ocupando grande parte da frente do maxilar superior.

OLHOS.

Tamanho médio, ligeiramente amendoados, bem afastados e profundos, de coloração escura.

Devido à pele solta, muitos exemplares apresentam pálpebras caídas, detalhe que não deve ser considerado falta, desde que não prejudique a mucosa dos olhos.

ORELHAS.

Grandes, em forma de V, inseridas na parte mais posterior do crânio e na linha média dos olhos, nem muito abaixo nem muito acima. Em consequência da pele solta, a inserção de sua raiz é variável. Quando o cão em atenção, a inserção é alta, atingindo a linha superior do crânio; estando o cão em repouso, a raiz permanece na linha dos olhos ou ligeiramente baixa.

As orelhas são de tamanho mediano e largas, jamais devendo aparentar orelhas do tipo bracoide, grandes e estreitas.

São permitidas as orelhas caídas de cada lado (orelhas de molosso) e as dobradas para trás e para cima (orelhas em rosa). Orelhas em rosa são permitidas.

PESCOÇO.

De diâmetro extraordinariamente desenvolvido, com fortíssima musculatura. Mais curto do que comprido, porém sem exageros. Nuca suavemente curva. Garganta provida de barbelas.

17

18

No Original FB, o pescoço se harmoniza com o tronco, ligando-o à cabeça quase no mesmo plano, como na figura 18. Observe, na figura 17, como o pescoço é mais longo e menos musculoso, e também eleva a cabeça muito acima da linha do dorso. Tipo que deve ser descartado no Original FB.

CORPO.

Forte, coberto de pele grossa e solta. Costelas bem arqueadas. Peito largo e profundo, atingindo a ponta do cotovelo, não podendo ultrapassar esta medida. Peitorais (antepeito) bem salientes. Ventre pouco encolhido. Figura elevada, nunca atarracada, porém não pernalta ou de aspecto leve. Tórax mais comprido que o abdômen.

Ombros bem angulados. As pontas das omoplatas, ao formarem a cernelha, não se juntam, mantendo-se ao contrário, separadas, resultando em cernelha baixa e plana. Dorso forte, em linha ascendente da cernelha para a garupa que é mais alta, sem exageros. Da ponta anterior do ilíaco, a garupa desce suavemente, confundindo-se com a raiz da cauda.

Cauda de raiz muito larga, afinando rapidamente até a terceira ou quarta vértebra, para terminar em ponta que não deve ultrapassar os jarretes. Na extremidade a cauda é ligeiramente curva. Quando o cão excitado, a cauda eleva-se, pronunciando mais a curva da extremidade. Porém não deve a cauda cair sobre o dorso ou enroscar-se, jamais devendo ser portada entre as pernas.

Tórax amplo e figura elevada são requisitos importantes. Embora muito forte, o Original não pode ser baixote.

LINHA SUPERIOR.

É formada por duas linhas distintas e ascendentes a partir da cernelha, que é baixa e aberta, dividindo o cão quase meio a meio na cernelha, do focinho à ponta da garupa, sendo a linha garupa/cernelha ligeiramente maior que a linha focinho/cernelha.

A garupa é mais alta que a cernelha. No Original devemos optar por dorsos firmes (embora flexíveis) em conformidade com musculatura de fibras nunca flácidas. Não devemos confundir articulações frouxas com flacidez. Em seu comprimento total, do focinho à garupa, o Original FB tem a cernelha praticamente na metade desta medida.

LINHA INFERIOR

Segue do antepeito à extremidade posterior do externo, em linha reta ao solo, a partir daí acompanhando a linha superior em uma quase paralela, mas nunca esgalgando ou mudando de direção de forma acentuada, especialmente nas fêmeas.

Mesmo um caipira pouco nutrido não apresenta linha inferior esgalgada. Nas fêmeas o flanco é mais amplo.

ANTERIORES.

Ombro – Formado por escápula e úmero de mesmo tamanho, sendo a escápula formando 45 graus com a horizontal e 90 graus com o úmero. Desta forma, observa-se um tórax amplo, ajustado à cernelha baixa, aberta e plana.

Pernas de ossatura extraordinariamente forte, apoiada por pés igualmente fortes, que apresentam almofadas plantares e dedos notadamente maiores proporcionalmente, comparados com os demais molossos, mesmo os de maior porte físico. Uma linha reta imaginária, a partir da cernelha, passando pelo cotovelo, deve terminar na parte posterior da pata; a distância do cotovelo ao chão dever ser igual à distância do cotovelo à cernelha, garantindo assim equilíbrio estrutural. O cotovelo deve coincidir com o esterno.

Os anteriores, a despeito da cernelha baixa, jamais devem ocasionar ou influenciar uma morfologia atarracada no Fila, ou selamento do dorso. A figura do Fila Original deve ser sempre aprumada e elevada. As pernas devem ser grandes, preservando-se as proporções acima descritas para as distâncias do cotovelo ao chão e do cotovelo à cernelha, garantindo assim passadas amplas e ao mesmo tempo força concentrada, sem comprometimento da agilidade e prontidão nos movimentos.

POSTERIORES.

De ossatura ligeiramente menos espessa que a dos anteriores, porém nunca frágil. A largura da garupa pode ser um pouco menor que a do tórax no caso dos machos, porém esta não deve ser estreita, garantindo espaço para pernas fortes e de boa musculatura. Importante que o ísquio tenha bom comprimento, item que deve ser bem observado nas análises e exposições, pois influencia na formação da curva da nádega e no tamanho dos ossos das pernas.

Os membros posteriores podem ser de ossatura menos forte que os anteriores, e mais longos no conjunto, ocasionando a garupa mais alta que a cernelha. De angulações não muito pronunciadas, porém bem definidas. O ilíaco deve ser angulado idealmente a 30 graus da horizontal. O fêmur deve ser angulado a 60 graus do chão em horizontal. O conjunto das angulações ocasiona proporções ideais para uma boa propulsão.

Nos molossos é melhor que as angulações dos posteriores sejam moderadas, podendo quando muito grandes, ocasionarem “jarretes de vaca”, devido ao grande peso corporal destes cães, não justificando, no entanto, que as pernas sejam mal anguladas.

Pés providos de dedos bem arqueados e fortes, apontando para frente. Unhas pretas, podendo ser brancas quando for esta a cor do respectivo dedo.

TAMANHO.

Machos – Altura de 65 a 75 cm na cernelha. Peso em torno de 50 a 60 kg.

Fêmeas – Altura de 60 a 65 cm na cernelha. Peso em torno de 40 a 50 kg.

Comprimento proporcionalmente maior que a altura em cerca de 10%, medido do peito à ponta da nádega.

19

20

Para o Original vamos preferir o cães de estatura mais elevada (como a imagem 19) desde que de boa massa corporal, ao contrário das preferências atuais para o FB na maioria dos clubes de criação, que é de um tipo mais baixo, algumas vezes tendendo para o atarracado (como o desenho na imagem 20).

O típico fenótipo da “velha senhora” de fazenda demonstra que o Original não é atarracado.

EXAME DO TEMPERAMENTO.

Nas exposições, o temperamento dos cães será observado desde o momento da sua entrada nas pistas, especialmente os cães adultos. Sinais de nervosismo, como orelhas excessivamente em sinal de alerta, rabos entre as pernas, olhares apreensivos e assustadiços, e sensibilidade a ruídos, serão penalizados. Será observada a desconfiança com estranhos, sem atitudes apreensivas, sendo desejável o comportamento tranquilo e autoconfiante. Nos filhotes é preferível o comportamento descontraído.

Nas fazendas, será observado o comportamento funcional, exigindo-se menos do item “ojeriza a estranhos” para os cães criados à solta, porém será sempre valorizado o comportamento de guarda e trabalho.

Será observado o comportamento dos cães desde o momento em que entram na pista, para análise do temperamento e sistema nervoso. Nervosismo com rabo entre as pernas será punido.

PROVA DE INSTINTO DE GUARDA, DEFESA, SISTEMA NERVOSO E ATAQUE.

Nas exposições serão realizados testes na seguinte ordem:

1 - simulação de aproximação amigável de um figurante, com tentativa de agrados ao cão.

O cão deve reagir de forma indiferente a uma distância de até 3 metros do figurante ou de forma agressiva, à medida que a distância se torna menor.

2 – simulação de aproximação ao condutor do animal (proprietário), de forma agressiva.

O cão deve reagir de forma protetora, à frente do dono ou condutor, tornando-se agressivo, à medida em que for maior a aproximação do agressor, de forma proporcional e equilibrada.

3 – simulação de barulhos e gestos bruscos a 5 metros do animal, sem se dirigir a ele.

O cão deve permanecer idealmente tranquilo enquanto os gestos e barulhos não ocorrerem em sua direção. Não será penalizado o cão que reagir de forma protetora ao condutor, mas será penalizado o cão que se mostrar intimidado com os barulhos e gestos. Será mais valorizado o cão que se portar da forma ideal.

4 – simulação de um ataque frontal de um agressor ao proprietário ou condutor do animal, através de gestos e gritos, utilizando-se de vara (com toque leve) e braçadeira da forma convencional.

O cão deve reagir com prontidão, valentia, persistência e segurança. A mordida deve acontecer de forma integral (e não com os incisivos), sem qualquer vacilação.

Nas fazendas, o exame de temperamento ficará a critério do juiz, somente a título de obtenção do C.A.R. .

FALTAS.

Serão consideradas faltas todas as situações que se afastem do padrão, e quanto mais as características de um exemplar se afastarem do ideal, mais este deverá ser penalizado nas análises e exposições.

1 – Graves:

Cabeça pequena ou estreita, de formato longitudinal; andar sem gingar; pele não solta; lábios superiores muito curtos; falta de dois dentes, prognatismo inferior ou superior, lábios maiores que o comprimento do focinho (muito profundos); papadas, stop, sinais de albinismo; olhos salientes.

Timidez, covardia ou comportamento assustadiço em animais adultos; sinais de sistema nervoso de baixo limiar; sensibilidade a ruídos e ambientes estranhos em animais adultos.

Dorso selado, garupa muito estreita, peito estreito, desvios acentuados de aprumos e angulações (pouco angulado ou muito angulado), passos curtos (principalmente se em decorrência de pernas curtas), cauda enroscada acima da linha do dorso, cauda postada debaixo das pernas.

2 – Sérias: amizade a estranhos mesmo se tratando de animais de fazenda; ossatura leve; peito pouco profundo; garupa mais baixa do que a cernelha, mordedura em torquês.

3– Leves: Todo e qualquer desvio do padrão não descrito anteriormente.

No julgamento deve o juiz preferir o exemplar com várias faltas pequenas àquele com apenas uma ou duas, porém muito pronunciadas.

DESQUALIFICAÇÕES.

1 – Todas as cores não permitidas, nariz despigmentado, prognatismo acentuado (com muita “folga” entre os dentes), lábios de profundidade 30% maiores que o comprimento do focinho, rima labial em V invertido de grande profundidade, orelhas operadas, cabeça em formato de bola e não em formato de pera, orelhas de inserção muito alta, stop pronunciado, pescoço demasiadamente curto ou longo, expressão que lembre qualquer raça estranha ao Original Fila Brasileiro.

2 – Aspecto geral muito distante do ideal deste padrão, como os tipos recorrentes no FB atual:

a - Animais muito longilíneos, altos, com pouca base de sustentação ao solo, de pernas longas em relação ao comprimento das costelas, linha inferior “leve”; cabeças estreitas e longas;

b - Animais de tipo atarracado, pernas curtas, dorso selado, tórax demasiadamente grande e próximo do solo;


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Nem só cães FB de cor preta tem esta tipologia, motivo pelo qual não vamos nos fixar na análise de animais pela cor, mas com base no padrão Original FB. Paulo Santos Cruz denominava de “dog lovers” os criadores ou aficionados das raças caninas que identificam as raças pela cor. Figuras como a da imagem 22 (que pode ser considerado um belo FB) e que são aceitas (com pedigree e premiações) no FB, não se enquadram no padrão do Original FB.

c - Tipo agigantado e muito pesado, de dorso próximo do reto, de articulações pouco frouxas e proporções tendendo para o quadrado, cabeça curta com sinal de rugas na testa.

O Mastif é um belo animal, motivo pelo qual se optou por cruzá-lo com o FB no passado. Para a preservação do Original não se pode admitir confusão entre as raças.

3 – Morfologia que apresente comprometimento visível ou acentuado da equação em equilíbrio no Original: velocidade, força, agilidade.

COMENTÁRIOS.

Em MOVIMENTOS, o texto frisa itens importantes: faz referência ao passo de camelo, ao trote e ao galope poderoso e identifica a importância de pernas grandes, que garantem a figura elevada e descartam a figura atarracada.

Observação muito importante, no quesito que diz sobre os movimentos serem gigantes com bom alcance e rendimento. O que não ocorre nos cães com pernas curtas que vemos atualmente. O texto original refere-se às pernas e sua importância para o grande alcance de terreno “bastante terreno com poucos movimentos”; o que induz a pernas de tamanho considerável, e que pode ser observado nas fotografias de cães mais antigos. Importante não se confundir um bom Fila Original com um Dogue Alemão.

22

23

No Dogue Alemão (imagem 22), as passadas são largas devido às longas pernas, mas os movimentos são menos flexíveis (o dorso é reto e duro) e lépidos, sendo que o Original FB (imagem 23) tem uma base maior no solo devido ao maior peso corporal (massa mais compacta), conservando bom comprimento de pernas que garante passadas largas e de grande alcance de terreno.

No padrão original a descrição da CABEÇA afirma ser esta de aspecto braquicéfala. Afirma também ser o focinho levemente mais curto que o crânio, confirmando a condição molossoide da raça. O que não pode ser tomado como pretexto para a mastinização do nosso Fila, como tem sido tentativa de parte da cinofilia atual. Mas também é um alerta para a seleção, devendo-se evitar cães de focinho longos, o que induzirá a crânios estreitos fatalmente.

Padrões atuais para o FB definem a cabeça com formato trapezoidal, sendo que a relação crânio-focinho é preferencialmente 1 por 1. Nestes pontos surgem algumas polêmicas. Cães de focinho muito longo e crânio estreito se aproximam do tipo bracóide, sendo menos molossoides. Possuem mordeduras de menor força. Para o Original Fila Brasileiro mantivemos as bases antigas, diferenciando-o do padrão do Dogue Alemão: (crânio/focinho = 1 X 1).

O texto FCI (Federação Cinológica Internacional) destaca um item muito importante para distinção do Fila Original dos mestiços: o aspecto periforme da cabeça, pois nenhum outro molosso possui esta característica, assim como os mestiços. Foi mantida a descrição da cabeça periforme, que será muito observada doravante, já que não é observada no FB atual.

Foi reforçada a importância de se preservar a profundidade ideal para o focinho do Original, já que na raça Fila Brasileiro este item não tem sido devidamente observado muitas vezes, o que está facilitando a entrada de animais possivelmente “puros por cruza” nos plantéis atuais.

Outro item importante para se identificar um Fila Original, ainda na cabeça, são as orelhas. Em consonância com o tipo molossoide, as orelhas devem ser “de molosso”, largas na base, formando um triângulo ao meio, em formato de V. Portanto, orelhas em formato muito alongado, muito baixas e muito pendentes, denotam uma influência exagerada de cães de caça na genética de alguns exemplares. O que deve ser observado com cautela e nunca incentivado pelos juízes, no Original FB.

A respeito do temperamento, foi incluída a classificação de “Temperamento Enérgico”, abrindo-se a possibilidade de análise de cães de fazenda no seu habitat para registro, respeitando seu comportamento funcional. Desta forma abre-se a possibilidade da inclusão de material genético original (de fazendas) ao plantel inicial do programa de reconhecimento do Original FB, e também a possibilidade do retorno de filas de Padrão Original às fazendas. Fica regulamentada a forma de avaliação de temperamento e sistema nervoso nas exposições.

É importante observar no texto do Original, os itens que dizem respeito às faltas, e também os motivos para as desqualificações, o que pode ser muito enriquecedor para orientar sobre o Fila que queremos preservar, e se descartar características indesejáveis.