REFRESCO NA MEMÓRIA
Parte 2
Parte 2
A segunda parte desse trabalho é de autoria do Sr. Antônio Carlos Linhares Borges
Continuando nossos trabalhos elucidativos, procurando esclarecer do que se trata o OFB, e ao mesmo tempo, procurando esclarecer sobre a grande confusão que se estabeleceu em alguns ambientes de Fila Brasileiro, vamos demonstrar criteriosamente e de forma documental, cabal, que juízes e representantes de clubes estão tão enganados sobre seu próprio trabalho, a ponto de não reconhecerem o seu passado.
No caso, trata-se de post que me foi enviado por Ricardo Abrantes, e que está circulando em site na internet, com a classificação de um cão tipo OFB, pela fotografia que segue, como “mestiço de Dog Alemão de péssima qualidade”, ou palavras parecidas. A intenção é difamar o trabalho do NPOFB.
Qual não foi minha surpresa, ao ver a fotografia do cão Galã, com meu filho Daniel, aos 06 anos de idade, no ano de 1980, registrado pelo Cafib. Que por coincidência, ficou famoso nos boletins do mesmo Cafib, por ter proporcionado espetáculo de trabalho em um curral em Teófilo Otoni, o que foi muito usado pelo clube à época, como marketing: o Clube resgatava o Fila boiadeiro. Tamanho é seu desconhecimento, ele se esqueceu de que o cão estaria ligado ao Cafib. Se assim não fosse, o cão seria mestiço. Foi o que aconteceu, o que demonstra que a critica é política e sem conhecimento de causa, sem conhecimento técnico. Que formação técnica afinal recebe um juiz destes? Com que confiabilidade se pode entregar um cão para julgamento em suas mãos? Ele também se esqueceu do passado, quando o Cafib buscava, como nós fazemos agora, cães de fazendas, originais.
Eu que estava lá naquela época, permaneci no mesmo caminho traçado originariamente, como aqui demonstro, de forma coerente com meus princípios, e com os princípios da preservação, e agora, conseguindo explicar a centenas – já somos milhares – de pessoas qual é este caminho original.
A seguir as comprovações do que estou dizendo, de forma documental, como sempre venho fazendo.
Acima, a fotografia do cão classificado pelo juiz e representante de clube de FB como mestiço de Dog Alemão.
Fotografia realizada na fazenda de origem do cão, com meu filho Daniel, 1980
Acima, o mesmo cão sendo registrado pelo Cafib em 1981 (Boletim n. 30), segurado por mim.
Obs.: Na mesma ocasião foi registrada a fêmea Lôba, de Narciso Abrantes, proveniente da mesma fazenda de José Mendes de Oliveira, o Sr. Juca de Luizinho, criador na época há mais de 40 anos. A criação se perdia no tempo, herdada de um tio do Sr. Juca. O que, aliás, desmistifica a hipótese de que o FB seja produto do sul de Minas Gerais.
No mesmo dia, após a exposição do Cafib, providenciamos uma “apresentação” no matadouro municipal, que descrevo no meu livro de 2018, “Cão Fila Brasileiro, Preservação do Original” (pag.259), onde comento sobre a formidável compleição deste cão.
Devido à desinformação e perda de memória sobre o verdadeiro Fila Brasileiro – o Original - e no afã de desconstruir a ideia de se preservar o que ficou perdido no passado, como provamos aqui, o cão agora passa a ser visto como mestiço de Dogue Alemão. Nada mais natural, diante do que se vê nas exposições da atualidade, com absoluta modernização do FB, e a teimosia em não se admitir o que fizeram com a raça.
Acima, a fotografia do evento, antes do cão agarrar o boi bravio. Junto, a fêmea Loba, também registrada no Cafib à época, que entrou a campo, apoiando o macho. Em um fantástico rodopio diante do boi, Galã se esquivou dos chifres e o pegou, dominando-o. Ao lado, a fêmea Loba, com meu filho Daniel, que sempre me acompanhava nas idas ao campo.
Acima: cães registrados pelo Cafib décadas antes da modernização do FB.
Seriam estes também mestiços de Dogue Alemão? Não são eles pernaltas- na opinião dos modernistas - muito mais que o Galã? Considerando a síndrome de denuncismo e agora a perda de memória que assola criação de parte do ambiente do FB, é nosso dever cívico continuar com nosso trabalho, sem nos deixar abalar com tentativas de desconstruir a verdade. Temos os fatos e as fotos de época, que comprovam o distanciamento dos clubes da base filosófica e da prática coerente.
Estou neste trabalho desde 1976, buscando filas originais nas fazendas, observando, estudando, aprendendo, e não me coloco como dono da verdade, ao contrário, sempre em busca de mais conhecimento, aberto a novos fatos relevantes. Reconheço que cheguei a me equivocar parcialmente, ao acompanhar cabeças equivocadas, que se diziam sabedoras de tudo sobre o FB. Mas desde muito tempo, já denominei os antigos filas, de Originais. No meu livro, demonstro isto em artigo de 1993 (Jornal Hoje em Dia), quando levei dois filas a uma filmagem da TV Globo (novela Mulheres de Areia).
Sempre digo e repito, que não se pode conduzir clubes de criação de cães, como se fosse uma religião. O que diferencia a religião da ciência, é que na religião se tem o dogma, inquestionável. O que caracteriza a ciência, é a consciência de que não sabemos tudo. Por isso estamos evoluindo!
Estamos dando a volta por cima, estudando, aprendendo todos os dias, com os cães e com as pessoas. E brevemente vamos demonstrar com mais fotografias e vídeos de pesquisa de campo, que o OFB existe, e está vivo em recantos não explorados pela cinofilia moderna. Em frente.