6 de janeiro
Texto da Publicação
Duas femeas jovens OFB aprendem o trabalho de campo, com gado bovino no Pará. Dália do Apeú, 18 meses, Safira do Cangaço (Negão x Zanzibar) 15 meses. Acesse o vídeo clicando aqui.
6 de janeiro
Texto da Publicação
Continuando com nossas publicações, a primeira de 2024, vamos mostrar outra sequência de acasalamentos, onde se pode concluir com mais gerações de acertos.
Esta sequência, demonstra a interação entre alguns criadores que iniciaram os trabalhos do projeto OFB, em um processo de cooperação. Um dos diferenciais do projeto OFB, é a cooperação se sobrepondo à competição. Entendemos que a competição esportiva é algo absolutamente aceitável, desde que se mantenha a esportividade, óbvio. No entanto, quando a competição inclui em seu ambiente, dinheiro e vaidade, a fórmula tende a ser problemática. No caso do projeto OFB, o objetivo é a preservação, não a competição, não a disputa para ver quem é melhor, qual criador se sobressai, qual é o melhor canil entre outros, ou quem fatura mais. Entre nós, o que conta é a raça, e para tanto é preciso cooperar.
O programa tem doado filhotes para fazendeiros e vaqueiros, para os testes de realidade, e também conta com adestradores qualificados para os testes de guarda em situações de avaliações técnicas. E tudo isso corrobora com a seleção, evitando-se que se caia em processos de seleção negativa, como já ocorreu com a raça FB, o moderno.
Nesta publicação, iniciamos com a fêmea Linda do Caramonã, que é proveniente de seleção em cães já demonstrados aqui, partindo da fêmea Piaçu do Córrego Preto e do macho Barão do Puri Moreno, descendente de linhagem comprovada do antigo clube Unifila. Observando-se publicação anterior, é possível ver que Piaçu já vinha de processos seletivos com cães que denominamos aborígenes. Linda foi acasalada com o cão Itagibá, proveniente da região conhecida por Sertão, nas proximidades de Corinto, MG. Itagibá veio filhote, a partir de uma expedição e foi encaminhado para o Canil Apeú, no Pará.
Do acasalamento de Itajibá com Linda, o criador Marcos Duarte selecionou duas filhotas, sendo Aurora do primeiro acasalamento e Buriti do segundo. Buriti foi encaminhada para uma fazenda, tornando-se excelente boiadeira, o que confirmou a acerto do acasalamento, conforme os objetivos de preservação da raça.
Após o acasalamento com Linda, Itagibá foi acasalado com uma filha – Aurora, gerando então uma ninhada ¾ com descendência dele mesmo. Interessante notar que somente animais com elevada concentração racial – e de boa qualidade – dariam bons resultados com elevado grau de consanguinidade. Especialmente em um retrocruzamento de pai com filha. E foi o que aconteceu. Uma ninhada inteira sem problemas de desvio racial, ou de morfologia. Escolheu-se uma filha-neta de Itagibá, Fagulha do Canil Apeú, para contribuir com os trabalhos do Canil Cangaço.
Esta já programada para acasalamento com o cão Zumbi do Cangaço, que já é outra estória interessante, que veremos mais à frente. Zumbi é filho de pais excepcionais, sendo Sertão do Cangaço, de origem antiga nos cães do Clube Mineiro e Suzi, originária da região de Sertão, de cães boiadeiros, fêmea que demonstrou excepcional saúde; resgatada da fazenda aos quase 11 anos de idade, ainda deu filhotes saudáveis.
É importante frisar que a insistência da parte de alguns criadores de FB, em desqualificar o trabalho, e os cães aborígenes utilizados no projeto de resgate da raça, procurando nominá-los de SRD (Sem Raça Definida) ou outros termos pejorativos, cai por terra completamente, após 05 gerações ou mais de acasalamentos de muito acerto. Não só de uma sequencia de acasalamentos, mas de várias linhagens como vamos demonstrar ao longo de 2024.
Em todo este período, desde o ano de 2012, passando os acasalamentos por diversos cães de fazenda sem pedigree – claro, devidamente escolhidos por pessoas experientes – nenhuma característica de outras raças surgiu nos resultados. Surgiram alguns cães de ossatura e massa corporal, um pouco abaixo do que seria desejável para cães de exposição, mas nenhum que se pudesse desclassificar. O que aliás, veio a trazer muita agilidade, além de cães extremamente alertas na guarda e de elevada eficiência nas fazendas. Tais fatos só comprovam a versatilidade da raça, como deveria ser, ao contrário das tentativas de se uniformizar tipos pesados e incapazes de trabalho no campo.
Também como ilustração dos processos de seleção em constantes testes, divulgamos um vídeo de duas fêmeas jovens em fazenda de gado bovino, no Pará, em aprendizado na lida do campo, já demonstrando aptidão, instintos e temperamento adequado, equilibrado. São as fêmeas Dália do Apeú, 18 meses, e Safira do Cangaço (Negão x Zanzibar) 15 meses. No vídeo se pode comprovar a excelente movimentação da raça, conforme as necessidades de campo. Talvez não para as concepções modernas de movimentação, para as pistas de exposição. O que para nós não interessa.
E vamos que vamos, sempre avante, resgatando nosso patrimônio genético conforme os anais da história.
20 de janeiro
Texto da Publicação
No livro “Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original”, edição de 2018, temos às páginas 155 e 157, algumas observações a respeito de como os cães originariamente eram selecionados por criadores, antes dos eventos das exposições e shows de estética. Em uma parte, temos observação de um orientador do livro em Portugal, Antônio Ferreira, em que ele menciona o livro “A Caça no Brasil”, e outra parte, do estudioso de cães aborígenes no mundo Vladmir Beregovoy, (O conceito de raça dos cães Aborígenes – 2015).
Em ambas as situações, corroboram com o conceito de Jay Lusch (1994):
“Uma raça é um grupo de animais domésticos, denominado como tal, pelo consentimento comum dos criadores .... é a palavra e uso do criador; é o que devemos aceitar como definição correta”. E afirmam que as raças antecederam ao reconhecimento pela FCI. O mesmo conceito que atualmente a EMBRAPA usa para reconhecimento de raças de espécies crioulas do Brasil – bovinos, equinos, caprinos, ovinos, suínos, etc.
No livro “A Caça no Brasil”, o autor menciona critérios de seleção para cães de caça: “os melhores cachorros são filhos de pais reconhecidamente superiores, mestres, que se tenham destacado entre os outros, por pelo menos dois anos”. Demonstrando que a seleção obedecia a critérios funcionais. Beregovoy separa em sua publicação, o que ele denomina de raças aborígenes, de “raças sintéticas”, ou “artificiais”, e ele explica com propriedade, o que ocorre quando a cinofilia oficial se apodera das raças “naturais”:
“..... A mudança radical aconteceu no final do século IXX, ... os moradores da cidade se tornaram criadores de cães, incluindo cães de caça, que se tornaram ornamentais em vez de raças de caça. ... Porque os criadores eram na maioria das vezes não caçadores, a aparência do cão tornou-se mais importante que o propósito original da raça. Para os shows de fantasia, todos os instintos de caça ou de guarda, tornaram-se atávicos do passado e não mais levados a sério.”
E aqui é importante que se atente para uma observação de Beregovoy, para situações que devemos chamar a atenção, continuando com seu texto:
“ .... agora alguns fãs, e até mesmo alguns juízes, seriamente acreditam que, enquanto a conformação é boa, as qualidades funcionais também estão presentes no cão. Portanto acreditam que linhas vencedoras, seriam de muito bom desempenho em campo, se lhes for dada a chance. Isso é improvável porque em primeiro lugar, muitos traços altamente valorizados em shows, realmente não tem qualquer significado funcional para a caça, e segundo, existem traços anatômicos que são mal interpretados por juízes, se eles próprios não são caçadores. É por isso que muitas raças se tornaram divididas em dois grupos, um para a caça e outro para mostra.”
Porque é importante frisar estas observações de estudiosos? Temos recebido diversas críticas e sugestões de criadores ou fãs da raça Fila Brasileiro, alguns até reclamando que não estamos promovendo debates técnicos, outros afirmando que é muito fácil fazer o trabalho de resgate da raça, bastando para isso que se observe as aparências morfológicas de alguns exemplares, e a partir deles se promova os acasalamentos.
Ainda não entenderam a proposta de resgate racial que se está promovendo. É certo que estamos observando a morfologia e a aparência dos cães para o programa de acasalamentos, tomando por base os anais da história da raça, fotografias antigas e outros elementos históricos. Mas não pode ser a proposta de resgate da originalidade de uma raça, focar especificamente nestes detalhes. Os vídeos que temos divulgado de cães em trabalho em fazendas, tem um significado que estes fãs não estão percebendo: os testes de funcionalidade.
Qual é a movimentação ideal para o OFB? (e não nos interessa a movimentação estipulada para o FB de exposição). Qual é a angulação ideal para os posteriores e os anteriores, quais as proporções ideais entre comprimento e altura de dorso nos cães? Qual comportamento (temperamento, sistema nervoso) de guarda é ideal? Já comentamos aqui sobre as diferenças entre “parecer ser” e ser realmente.
Estamos em um momento em que devemos observar e aprender. Se o cão sobe ladeira com facilidade, salta com agilidade, apresenta velocidade associada a agilidade e força, apresenta vigor aliado a atividade mental, inteligência, esquiva, movimentos radicais, resistência a calor e jornadas longas, então vamos nos certificando de que o caminho está correto. Se um percentual elevado de cães reprodutores, estão sendo testados para a guarda por profissionais do adestramento e do comportamento canino, e estão se saindo bem, então estamos no caminho correto. Não temos como testar desta forma todos os cães, mas em geral são doados parte das ninhadas com mesma genética, para os testes nas fazendas ou para adestradores de guarda profissional. Assim, temos ideia de que as genéticas estão boas.
Não tem sentido para um projeto como este, debater, como se diz, tecnicamente, com “professores” formados nas pistas de criadores urbanos, porque certamente eles se enquadram na situação descrita por Beregovoy. Depois de 40 anos ou mais de criação e seleção, objetivando a movimentação em pequenos espaços, qual morfologia – ou aptidão mental - destes cães pode servir de parâmetro para o resgate de uma raça de trabalho? A morfologia que estamos buscando é a dos cães selecionados longe das pistas, nos ambientes de campo; e os pontos em que se encontram com bons cães de linhagens de criações tradicionais. E isso só vai se confirmando nos testes funcionais.
Visualmente a raça foi muito alterada no processo seletivo para as exposições. Nas imagens, mostramos um cão tipo Alão Portugues, em uma expedição pelo interior do Brasil, em 1770, onde se pode ver o tipo de estrutura “natural” dos cães da época. Em seguida mostramos fotografias de época de cães FB nativos ou descendentes diretos dos nativos, os primeiros em mostra nas exposições. E na sequencia das datas, como a raça foi mantida originalmente até certo ponto, e mais recentemente, já sabemos como sofreu grandes modificações. Observa-se diversas alterações nas angulações dianteiras e dos posteriores, alterações severas no tamanho das pernas e nas angulações.
Seriam os cães de exposição, capazes de realizarem os trabalhos de seus ancestrais? Tem eles o mesmo poder de “arrancada”, mesma agilidade, mesma resistência a longas caminhadas? Seriam capazes de esquivas rápidas, para se livrarem de coices e chifres? Seriam alguns descendentes destas gerações, menos modernizados, capazes de gerar genéticas de padrão (morfológico e comportamental) seguramente original?
Por isso é importante que as raças permaneçam sendo registradas em separado. Para se obter o pedigree OFB é necessário que o criador esteja credenciado e de acordo com os princípios da preservação. É para isso que existe o Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro, com uma marca e uma patente próprios.
Os vídeos que vamos apresentando, de cães na prática do trabalho, explicam o que é desejável para o OFB, que os diferencia dos cães modernos. Sem querer desqualificar quais sejam, mas apenas diferenciar uma raça da outra. O vídeo que apresentamos recentemente, refere-se a uma filmagem em uma fazenda, realizado quando ainda o Unifila estava ativo. Este é o Cão de Fila original, física e mentalmente.
Todas as imagens de nossas publicações, estão disponíveis na internet e tem conteúdo estritamente de fundo educacional e de capacitação técnica.
5 de fevereiro
Texto da Publicação
Ser e Parecer Ser.
Prezados amigos do projeto OFB, estamos atualizando nossa lista de criadores, contando com os mais recentes que vem aderindo ao projeto.
Aproveitamos para alertar a todos (as), de tentativas de confundir o entendimento entre as raças Fila Brasileiro e Original Fila Brasileiro, com anúncios na internet, de vendas de filhotes, da parte de pessoas que não compõem este projeto.
Talvez devido ao sucesso de nosso trabalho, e sobretudo pelo reconhecimento de que o padrão OFB tende a ser seguido pela cinofilia do Fila Brasileiro de um modo geral, percebe-se a oportunidade de venda de filhotes. Neste caso, é importante que se preste atenção em detalhes; especialmente as pessoas que desejam ter um OFB, não se deixem enganar. Parecer não é ser!
Como temos demonstrado, estamos há mais de uma década, colocando para reproduzir cães de diversas linhagens antigas, muitos descendentes de cães de trabalho em fazendas, e neste processo observando o “comportamento” genético das gerações. Ou seja, foram descartados vários filhotes, cães adultos e até ninhadas inteiras que inicialmente não atenderam às expectativas dos primeiros experimentos. Depois de um trabalho de base, é que se pode garantir a qualidade, cada vez mais de nossos filhotes. As gerações mais recentes, tem seguramente se mostrado assertivas, correspondendo às expectativas que se tem como uma raça de trabalho. E isso é resultado de seleção, de criadores que mais se preocupam com a raça do que com o comércio.
Portanto não será repentinamente, que criadores que estiveram criando linhagens modernas até o momento, estarão aptos a utilizar a sigla OFB em seus animais, com a mesma segurança. Tampouco basta dizer que determinados cães são descendentes de antigas linhagens. Entre linhagens antigas também tínhamos problemas de aprumos defeituosos, angulações, temperamento, etc. Vejam na fotografia de 1977, dois cães, sendo um deles Jandaia da Jaguara, e ao lado um cão com comprometimento nas angulações.
Segue a lista com os nomes e endereços dos criadores credenciados pelo Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro, também fotografias demonstrando a diferença na cabeça para as raças OFB e FB. E uma fotografia de dois cães originais – só para não nos esquecermos de que são diferentes e especiais.
Nossas publicações são de cunho didático e sem fins lucrativos! As imagens utilizadas estão disponíveis na internet.
13 de fevereiro
Texto da Publicação
Navegando na Superfície.
Recentemente assisti a uma palestra pela internet falando sobre os padrões da raça Fila. Deu para pensar sobre como a internet é um território vasto, com espaço para tudo. Nada contra, é uma ferramenta fantástica, que nos dá um poder de comunicação global, amplo, rápido. Não diferente de qualquer instrumento de comunicação, permite de tudo e abre oportunidades inimagináveis.
Mas também se presta a quase tudo!
Entre as oportunidades que a internet vem criando, a informação superficial é extremamente beneficiada. O território da internet vem criando uma cultura da velocidade, e com esta vem a superficialidade. A grande maioria dos internautas, tem pouca paciência para informações elaboradas, especialmente para estudar. Hoje vamos ao Youtube e encontramos cursos, debates, lives, palestras, etc, a respeito de praticamente tudo, qualquer assunto. “Professores” da superficialidade se arvoram em entender de tudo que é assunto, se colocam como capazes de discorrer assuntos os mais diversos, sem quase nenhuma preocupação em apresentar de onde tiram seu conhecimento.
Simplesmente criam teorias, lançam opiniões sem base, se colocam como autoridades para criticar, etc. Muitas vezes, por traz de tudo, um interesse monetarizado, disfarçado.
Tal situação vem separar aqueles que buscam saber do que falam ou o que fazem, dos que se aventuram em mestres da curiosidade. Assuntos tratados com mais responsabilidade e profundidade, tem mais dificuldade de público, ou formam um publico mais restrito. Daí temos mídias que se dedicam a comunicação mais rápida, superficial, e outras que ainda preservam espaço para quem lê e estuda, como o Facebook, que permite textos mais elaborados.
Espero que nosso público continue consolidando o Facebook originalfila como um espaço de inteligência e não de superficialidades, crendices e polêmicas. Nossas hipóteses aqui levantadas, sobre origem do Fila Brasileiro, foram elaboradas a partir de considerável esforço em pesquisas e estudos. Nossas decisões em buscar exemplares originais nos interiores, não são tomadas aleatoriamente. Temos uma base.
Me interessei pelo Fila em Belo Horizonte, em 1973, quando havia o DFila, departamento da raça que posteriormente se transformou no Clube Mineiro dos Criadores do Fila Brasileiro - CMCFB, tendo como meu primeiro professor, Paulo Augusto de Moura, que me ensinou as primeiras bases sobre a raça. Em 1976 me embrenhei por rotas do interior e conheci diversas linhagens de Fila nativos. Aprendi qual era o padrão original da raça. Acompanhei pessoalmente a criação do CAFIB na década de 1980. Escrevi um livro em 1995 – já preocupado com a preservação do padrão original. Não satisfeito busquei mais informações, e depois de ter já viajado por décadas pelos interiores de MG em busca de linhagens a conhecer, fui para a Europa, especialmente Portugal, em busca de mais conhecimento. Estive em uma das mais vastas bibliotecas sobre cães da Europa, pesquisei, perguntei aos estudiosos, ouvi explicações de origem científica. Escrevi outro livro em 2018; mais de 350 páginas. 50 anos de estudos, e ainda continuo procurando aprender com a raça.
Devido à minha profissão desde anos, tenho oportunidade de percorrer regiões pouco frequentadas pela cinofilia moderna, e tenho visto o que criadores nascidos na modernidade nem sonham. E de repente eles vem argumentar que os cães que recolhemos no interior para constituir as linhagens OFB, são vira-latas, doentes, tem sarna congênita, displasia e não se sabe mais que. Minas Gerais tem a área geográfica da Espanha, e se considerarmos as vizinhanças com os estados de Goiás e Bahia especialmente, temos um território imenso. Como pode uma pessoa fazer tais afirmações? Com que conhecimento e experiencia? Conhece todo este território?
Juntamos um grupo de antigos conhecedores da raça, com experiencia com o padrão original, e estamos em um esforço de preservação deste padrão há anos, e de repente somos contestados com argumentações tão superficiais, por vezes, que ainda nos surpreende.
Os cães que fomos buscar no interior, são de linhagens conhecidas há décadas, ou são de linhagens descobertas mais recentemente, mas tivemos o critério de procurar nos informar quão antigos eram seus ancestrais ali nas regiões pesquisadas. Não existe geração espontânea, para um padrão definido. Se a pessoa pelo menos se dispuser a rolar poucas páginas deste Facebook, vai ver que já temos demonstrado fartamente sobre este assunto. Na publicação de 06 de Janeiro demonstramos como seguimos um programa de acasalamentos, para chegar onde estamos. Na publicação de 15 de Janeiro, postamos um vídeo de um cão filmado em fazenda há cerca de 14 anos, com demonstração clara de que estes cães são remanescentes de antigos cães de trabalho. Na publicação de 20 de Janeiro, esclarecemos amplamente sobre a questão dos cães aborígenes, seleção, etc.
Possivelmente as pessoas que se auto credenciam como autoridades para falar sobre a raça, não se dão ao trabalho de ler um texto de três páginas. Quiçá ler um livro. A mente está tão despreparada pela internet, tão ”viciada” no mundo da superficialidade, que não conseguem pesquisar sobre o seu assunto preferido! Palpiteiros são pessoas extremamente cansativas.
Entre os cães que utilizamos no programa de resgate da raça OFB, a maioria saiu de linhagens antigas, investigadas por nós. O cão Padeiro do Mazinho, é proveniente da linhagem do fazendeiro Teli Gonçalves, segundo contava ele, com origem por volta de 1915 na família paterna. Os cães Rex e Fred da Fazenda Mirante, descendiam diretamente da antiga criação do fazendeiro Sr. Dozinho (falecido em 2016 aos mais de 90 anos de idade), linhagem passada depois para o fazendeiro Didico Rocha, que passou ao administrador da fazenda Mirante, Sr. Zezé, juntamente com uma fêmea. O cão Titã que acasalamos com a fêmea Tigresa do Martalice, era proveniente dos cães da linhagem Porto Alegre dos irmãos Álvaro e Totó, boiadeiros há décadas nas fazendas da família. A fêmea Tigresa, era filha da cadela Kika, proveniente da fazenda do Sr. Orlando, antigo criador na região de T.Otoni. Um dos cães que deu inicio à criação Puri Moreno, Esnif, é proveniente da fazenda do Sr. Aladir e sua esposa, neta de José Gomes, de onde receberam seus primeiros cães. E os outros Puri Moreno vieram de criações conhecidas e bem credenciadas.
Todos estes fazendeiros antigos que preservaram a raça, já se foram. Restaram alguns cães destas linhagens, patrimônios que procuramos preservar, e não vira-latas! Seria respeitoso com a raça e com os antigos preservadores, um pouco mais de estudo sobre o assunto, antes de dizer que estes cães eram vira latas doentes.
Neste post vamos evidenciar com fotografias, alguns cães que serviram de base para alguns dos canis que iniciaram no OFB, na ocasião de uma expedição realizada na região denominada como Sertão, em 2018. Partindo de Diamantina, iniciando nossa expedição por Conselheiro Mata, orientados por um fazendeiro e boiadeiro antigo, seguimos para tal região, com indicações de onde ir. Claro, sair por aí sem informações confiáveis, é como procurar agulha em palheiro. Viajamos por mais de 1.000 km em estradas sem pavimentação e retornamos por outra via, seguindo depois para Serro, Sabinópolis e arredores, onde tivemos por guia o jovem Tulio Rabelo, que hoje é criador OFB. Foram cerca de 2.000 km rodados. A grande maioria dos cães encontrados correspondem ao mesmo padrão, desde Sertão à região do Serro, assim como os de outras regiões visitadas. Seria mera coincidência? Padrão surge por geração espontânea?
Segue também a argumentação de PSC em 1979, para aconselhar criadores e clubes a fazerem o que estamos fazendo: buscar saúde, vigor e funcionalidade; evitar as doenças e mazelas criadas pela má seleção na raça, e evitar a consanguinidade entre os poucos bons que ainda seriam aproveitáveis para um programa de recuperação da raça. Situação que não mudou até hoje:
“Em primeiro lugar, a Comissão considerou que diante dos fatos de que 80% dos cães da raça Fila Brasileiro são mestiços (pelo menos levando-se em conta os exemplares que frequentam exposição), a única solução para a preservação da raça, seria concessão de RI para os exemplares puros que ainda existem no interior, e poderão contribuir decisivamente para a melhoria das características rácicas do Fila Brasileiro. Sem o RI, os acasalamentos se restringirão aos poucos exemplares puros registrados, todos provindos de poucas linhagens. Sem maiores opções, os criadores que quiserem manter a pureza de sua criação entrarão em consanguinidade estreita, com risco de fixação de defeitos de maior força genética e consequente deterioração da raça.” (Boletim O Fila).
A pratica foi colocada em ação pela década de 1980, com excelentes resultados e êxito, com aborígenes mostrando bons resultados como reprodutores e matrizes. O padrão só voltou a apresentar novas alterações, a partir da década de 2.000, desvirtuando-se como mostramos fartamente, por influencias de criadores comerciais.
Em outros posts vamos mostrar mais, sobre linhagens oriundas dos cães resgatados nas fazendas, com resultados que comprovam a pureza do nosso antigo patrimônio.
Nossas publicações tem finalidade exclusivamente de informação e são de cunho didático. O OFB é um projeto sem fins lucrativos.
10 de março
Texto da Publicação
Prezados amigos e seguidores do projeto Original Fila Brasileiro, é com satisfação que comunicamos a programação da realização do segundo encontro de criadores e amigos do OFB, a ser realizado no dia 09 de Junho de 2024, na cidade de Teófilo Otoni, localizada no Vale do Mucuri, um dos antigos berços de cães originais de Minas Gerais.
Como não é da filosofia do Núcleo, incentivar a competição entre criadores, acreditando que a cooperação é mais importante, não será uma exposição canina nos moldes tradicionais, mas um encontro de confraternização, também importante momento para avaliação do plantel da raça. Neste momento, haverá a oportunidade de realização dos exames dos cães, para obtenção do Registro Inicial – RI, conforme as regras do Núcleo. Explicamos aqui, sobre as regras para a obtenção do RI.
O documento denominado RI, pode ocorrer em duas situações:
a) Para cães que não possuam pedigree da raça Fila Brasileiro.
b) Para cães portadores de pedigree da raça Fila Brasileiro.
Cães cujos proprietários reivindicam registros como OFB, sejam ou não portadores de pedigree da raça Fila Brasileiro, deverão passar por análise por técnicos do Núcleo OFB, para averiguação de padrão com finalidade de enquadramento ou não. A análise colocará em pé de igualdade, cães portadores de pedigree FB e cães sem pedigree. Serão submetidos a análise para RI somente animais adultos.
Uma vez aprovado o cão em análise, o proprietário poderá assinar o “Termo de Adesão” ao programa de criação OFB. O RI é um marco zero introdutório do animal ao projeto. A adesão é uma opção pela raça. A marca OFB é uma marca de personalidade única.
Como critério de análise para obtenção do RI, será considerado o formulário denominado “Medindo o Fila Brasileiro. Orientações para medir o seu cão”.
A medição do animal é considerada um procedimento inicial para a análise racial, não sendo a garantia da obtenção do documento. O cão deverá ser avaliado por um técnico credenciado pelo Núcleo, de forma presencial, incluindo-se a avalição do temperamento. O animal deve ser avaliado, levando-se em consideração o Padrão Original Fila Brasileiro. No momento do evento, os cães aprovados poderão participar.
Uma vez recebido o RI, o animal poderá ser encaminhado à reprodução, como teste racial. Ele deverá transmitir aos descendentes, as características típicas e desejadas da raça. Caso o animal não transmita aos descendentes o que dele se espera, sua licença para reproduzir – APR - enquanto OFB, será cassada.
Mediante a apresentação de qualquer insuficiência racial de padrão, ou defeito grave na morfologia ou temperamento dos produtos, a título de proteger a genética do plantel, o animal portador de pedigree ou RI, será considerado inapto à reprodução, assim como os descendentes resultantes dos testes de reprodução.
Quanto à amostra, ou exposição dos animais da raça, o Núcleo OFB, vem desenvolvendo critérios de avaliação, e testes, de forma a se encontrar denominadores para a seleção dos melhores exemplares, especialmente os que forem encaminhados à reprodução. Nestes eventos, serão observados o padrão racial e seu enquadramento, aspectos relacionados à funcionalidade e adestrabilidade e as boas condições de saúde. Quando se refere a funcionalidade e saúde, significa que os animais devem se apresentar capazes de excelente movimentação, sem sinais de lentidão e apatia, mas também sem sinais de nervosismo e insegurança, demonstrando sistema nervoso firme. Animal saudável é animal feliz!
A análise deve ser realizada por um técnico ou juiz de raça, podendo o animal ser retirado das provas ou não, a critério. O técnico poderá solicitar a medição dos animais ou a pesagem.
Serão levadas em consideração neste momento, em especial:
a) Aparência geral – os animais deverão apresentar porte tipicamente molossóide, apresentando excelente ossatura, dedos grossos e altos, patas grandes e arredondadas, musculatura desenvolvida e aparente, e cabeça condizente com o tipo molossoide. Cães de aparência frágil e de cabeças se aproximando do tipo bracoide, devem ser penalizados na medida em que haja distanciamento do tipo ideal.
b) O aspecto periforme da cabeça deve ser levado em conta e valorizado.
c) Aprumos – Em conformidade com os padrões para a espécie.
d) Articulações – Observar o “gingado” do corpo, e o “passo de camelo” dos exemplares, porém descartar animais de articulações muito frouxas.
e) Ausência de excessos em geral, considerando-se quaisquer adornos – couro exagerado, orelhas grandes demais, lábios de profundidade acima do permitido para o comprimento do focinho, entre outros.
Será valorizado o porte elevado, sem aspectos que possa classificar como “leve” para os padrões saudáveis. Será penalizado o porte atarracado, tipo de pernas relativamente curtas e tórax maior que o comprimento das pernas.
Poderá ser exigido o resultado de exame radiográfico para a displasia, a critério do NPOFB, para os cães participantes, a critério do técnico avaliador do evento.
Serão observadas na aplicação dos testes, as seguintes habilidades da raça:
01 - Habilidades físicas.
Os cães serão submetidos a provas de movimentação, em caminhadas, trote e galope.
As caminhadas ocorrerão em percurso de pelo menos 50 metros, ida e volta, assim como os galopes, com a respectiva observação de cobertura de terreno. Nestes casos o objetivo é observar o desempenho da movimentação. Igualmente os cães deverão demonstrar capacidade de trote rápido, bem cadenciado, com passadas largas e bom ganho de terreno. Nas exposições poderão ocorrer provas de trote.
As provas de trote deverão ocorrer em pistas, a partir de 500m, mas a depender dos espaços do local do evento, em pistas a partir de 01km para mais. Poderão ser utilizados neste teste, como instrumentos auxiliares, a bicicleta ou o cavalo, assim como a corrida a pé. Será avaliado no percurso, a cobertura de terreno e a resistência física dos cães, levando-se em consideração a distância e o tempo de cobertura do percurso, ao final.
02 – Habilidades mentais.
Os critérios para as provas e testes nesta categoria, serão traçados por especialistas em comportamento canino, e devem avaliar as seguintes características nos animais:
a) Sistema Nervoso (ou limiar nervoso) – capacidade de suportar ambientes e ruídos sem se abalar, mesmo para os filhotes.
b) Drive de caça.
c) Agressão.
d) Capacidade de socialização com ambientes, e autoconfiança – manter-se no ambiente sem sinais de agressividade descontrolada e desnecessária. Ausência de reatividade ambiental.
e) Adestrabilidade – para os cães que forem adestrados.
Os testes deverão ser aplicados considerando a idade dos cães, a se iniciar com filhotes a partir de 06 (seis) meses de idade.
Os cães serão classificados conforme suas habilidades, e esta classificação contará para os testes de APR.
As provas deverão ocorrer de forma didática e com a máxima transparência, cabendo ao técnico avaliador explicar ao público assistente e aos criadores presentes, tanto os critérios das provas, como seus resultados referentes a cada animal em teste.
Os cães provenientes de fazendas poderão ser analisados e testados de forma específica, sendo esta forma desenvolvida pelo grupo de avaliação especializado em cães de trabalho e função rural. Todo critério de avaliação deverá considerar o sistema nervoso dos animais.
Nesta publicação, vamos postar algumas fotografias explicativas, de referencia para avaliação nos encontros de raça.
Todas as nossas publicações são de cunho didático e sem fins lucrativos.
7 de abril
Texto da Publicação
Mitos e verdades.
Muito temos ouvido falar, na criação do Fila Brasileiro, de expressões como “ojeriza a estranhos”, a exemplo. Seria um mito, uma verdade, uma invenção? Pessoas tem entrado em contato conosco, perguntando se esta característica da raça, seria um mito, verdade, ou se é algo estimulado. É importante que consideramos a palavra “mito”, o que ela significa, já que existem formas diferentes de se entender o seu significado, para então entendermos se a expressão “ojeriza a estranhos” pode ser classificada como mito.
Um mito não é necessariamente uma inverdade. Por exemplo, todas as civilizações do mundo, desde as mais antigas e primitivas até a nossa atual, são fundamentadas em mitos. São os denominados “Mitos Fundantes”. São histórias ou narrativas que orientam o comportamento das civilizações. Há sempre um fundamento nas histórias, sempre parte de algo acontecido no passado, que se torna uma orientação. Os mitos orientam a moralidade das civilizações. Sem esta moralidade, nenhuma civilização sobreviveria; elas regulamentam nossas relações, as relações entre as pessoas das civilizações.
Então temos algo que é verdadeiro em todos os mitos: a orientação! O conteúdo que conduz os comportamentos; a mensagem que fica! Também sabemos que em todas as civilizações, estas mensagens podem ser corrompidas por interpretações, por interesses ou conveniências.
Assim é o caso da expressão “ojeriza a estranhos”.
Como uma excepcional territorialidade foi observada em cães levados das fazendas para a cidade, passou a ser considerada uma orientação para a criação do Fila Brasileiro. Esqueceu-se que os primeiros cães levados para as cidades, saíram de fazendas do interior, e foram para canis, quintais, e áreas restritas a poucas pessoas. Soltos nas fazendas, onde se comprava filhotes para levar para a cidade, os antigos fazendeiros não caminhavam pela fazenda com seus cães na guia. Havia uma seleção que orientava o comportamento da raça. Eles ficavam soltos, conviviam com os animais da fazenda, galinha, porcos, vacas. Chegando pessoas estranhas, era comum que as cercassem, desconfiados, não deixando que descessem do carro, até que alguém da casa chegasse. Aos poucos perdiam o interesse pelos visitantes, muitas vezes até permitindo que lhe tocassem. Era o comum. Alguns cães mais “bravos”, eram mantidos sob controle, às vezes mantidos na corrente, e talvez por isso se tornassem cada vez mais hostis com estranhos.
Os criadores de cidade, queriam seus cães para guarda dos quintais, não se importavam muito se eles seriam capazes de conviver com outros animais, que ali não haviam. Nos quintais, os cães desenvolviam de forma excepcional a territorialidade e a proteção aos donos. Desde 1940 esta foi a característica desejada. E decidiu-se que a orientação para a criação seria a ojeriza a estranhos. Seleção, meio ambiente e genética, após mais de 40 anos, a característica se firmou e se confirmou.
No entanto, o que estaria “embutido” nesta característica geneticamente desenvolvida? Qual seria a base na qual se firmava? Havia o mito, a narrativa de que o cão tinha pouca tolerância a estranhos. E isso era verdade. E é verdade. Nota-se facilmente na grande maioria de nossos cães.
Mas o que acontece que grande parte dos cães criados sob esta orientação, se acovardam diante de uma prova “real” de temperamento, diante de uma invasão de território realizada por profissionais devidamente habilitados, como já comentei aqui ter acontecido com diversos cães premiados por temperamento?
Onde estaria a corrupção do mito?
O conceito de bom temperamento era o de cão mal educado, em alguns casos, descontrolado. Aqueles cães ameaçadores ao extremo. A seleção era esta, e os testes nas exposições se repetiam, de forma incompleta ou mal formulados. Que aliás ainda acontece muito. O cão avança no figurante, com visível desejo de ameaçar para “ver” se ele foge. E sempre é o que acontece. Depois de algumas exposições, o cão já sabe o que vai acontecer. Então é um teatro ao qual se habituou, ele conhece o cenário. Sabe que uma boa avançada é bastante para ser deixado em paz. Se ele demonstrar aquele comportamento (ojeriza a estranhos) será deixado em paz!
A caraterística que se denomina “defesa” foi selecionada equivocadamente e demasiadamente em busca do mito. Reforçando-a sem conhecimento científico, selecionou-se também o medo, a insegurança.
Somente após o projeto OFB foi possível que se debatesse este assunto. Os juízes das exposições simplesmente negavam a possibilidade de se considerar outras hipóteses, além da narrativa/mito. Foi então que começamos a observar e considerar outras possibilidades para a raça. O adestramento foi uma destas, já que na narrativa do mito corrompido, os cães não poderiam receber outras orientações de comportamento que não fosse ameaçar a tudo e todos, o tempo todo. Cães mal educados são extremamente valorizados por esta “cultura”.
Somente alguns poucos de nós, que conhecíamos os cães nas fazendas do interior, tínhamos noção de seu comportamento – ou temperamento - original. Alí, os cães recebem orientação de obediência, são “educados” para se comportarem diante de visitas. Os fazendeiros se orgulhavam de terem comando sobre seus cães: “pode chegar aqui comigo que não tem perigo”. Os cães nos olhavam com olhares de desconfiança, mas se continham.
Em uma visita a uma fazenda, por volta de 2009, com Marcelo Castro, que viria a ser criador OFB, pelo canil Puri Moreno, pudemos observar isso. Chegamos a colocar as mãos em alguns cães. No entanto, ao ficarmos sozinhos por momentos em que o fazendeiro se ausentou, recebemos alguns rosnados de baixo tom grave, nos impedindo de sair da varanda da casa. O mito estava presente, mas os cães eram educados. Eram cães firmes, de comportamento sólido, socializados, criados soltos. Ao contrário da tradição urbana, não eram criados isolados, confinados em baias, para parecerem mais “bravos” do que eram na verdade. Tampouco eram estimulados a agredir as visitas. Estavam sob controle, mas realizando sua função de guarda quando necessário. O conceito seria: Temperamento enérgico – aquele que é capaz de exercer a função para a qual se destina.
Após estas considerações, o que podemos entender é que a corrupção do mito, levou a um processo seletivo da raça, que priorizou o “parecer ser” muito mais do que o “ser”. Assim, criou-se um temperamento falso, ao longo de mais de 40 anos de seleção equivocada, baseada em conceitos pouco científicos, na verdade, longe da ciência cinológica.
O projeto OFB, hoje praticamente já não é questionado quando à morfologia de seus cães, pelo fato consumado de que é a morfologia a se preservar, quando se pensa na raça nacional. Como afirma Jairo Teixeira, esta etapa da criação está bem resolvida. Agora temos que partir para uma seleção mais direcionada ao temperamento, mesmo que a preservação do tipo físico traga consigo uma “carga” genética favorável. E não vamos nos basear no mito corrompido, mas sim acreditando que a nossa raça tem potenciais inéditos entre muitas outras de guarda. A seleção antiga deve ter continuidade, agora com técnicas que considerem o sistema nervoso como base sólida e indispensável para a criação de animais saudáveis e úteis. Se for o caso de guardar territórios de pequenos espaços, temos que tomar cuidados para que não se tornem “cachorros bravos” no sentido parecer ser, mais do que ser. Assim como, se for o caso de cães para o esporte de defesa pessoal com agarre, para o acontecimento de ataques de elevado nível de agressão verdadeira.
Algumas linhagens permanecem sendo criadas nas fazendas, com os cães soltos, e no caso destes vamos desenvolvendo métodos que preserve bons sistemas nervosos, pois eles continuarão a servir como material genético de base.
Alguns de nós temos famílias grandes, com filhos e netos que comparecem na propriedade rural ocasionalmente, muitas vezes com amigos. É impressionante como os cães reconhecem nossos netos, mesmo após 6 meses ou mais que se distanciam da fazenda. É impressionante como “sabem” que uma pessoa não é da família! Não queremos cães incontroláveis. Eles simplesmente aprendem a não deixar entrar na área da propriedade, pessoas estranhas ao local que chegam sem nossa companhia. É o que alguns de nós queremos.
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