11 de julho
Texto da Publicação
Em um artigo do jornalista especializado em biologia e arqueologia, autor do livro “1499, o Brasil antes de Cabral”, Reinaldo José Lopes, ele comenta sobre a versatilidade humana de se comportar por vezes como os pacíficos Bonobos – na maioria das vezes - por isso nós conseguimos conviver com pessoas estranhas em grandes massas populares, mas também na nossa capacidade de nos comportarmos como os agressivos chipanzés.
Em alguns momentos com certeza podemos ser agressivos, grotescos, insensíveis com a dor alheia, na maioria das vezes movidos por sentimentos como inveja e vaidade.
Por isso a sociedade desenvolveu mecanismos de controle de comportamentos, inadmissíveis. Para isso servem as leis. Mas também nós, pessoalmente, desenvolvemos uma capacidade especial: a capacidade de nos indignar diante do inadmissível e do incivilizado.
Talvez a menor de nossa indignação, tenha resultado na decisão de unirmos companheiros para resgatar e lutar para preservar o Fila Brasileiro. O cão que tão bem descreve o criador Airton Milward de Azevedo do Canil da Cachoeira, em nosso post de 22 de Junho de 2022, em uma publicação de uma revista em 1984.
Com certeza o projeto OFB é resultado de uma indignação, porém não a mesma que sentimos hoje em alguns momentos.
Seguiu-se após o início do projeto OFB uma indignação crescente, ao vermos pessoas – Brasileiros – se esforçando para negar existência deste cão nacional, até ao ponto em que chegamos.
Possivelmente tal fato não tenha precedentes em nenhum país, com tal nível de anti-patriotismo. O livro “Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original” edição de 2018, à página 22, cita o ocorrido com a raça Akita.
Os Japoneses, indignados com as transformações impostas à raça por criadores de exposições modernas, exigiram o respeito à raça resgatando para o Japão o tipo racial denominado Matagis.
A CBKC, diante da pressão dos americanos, optou por decisão salomônica, passando a registrar separadamente o Akita Americano e o Akita Matagis, o original.
A forma como alguns criadores brasileiros do FB moderno vem tratando o trabalho do projeto OFB é indescritível, se valendo de estratégias que revelam desamor pelo nosso patrimônio.
A proposta do projeto é simples, não foi inventada recentemente – foi proposta por Paulo Santos Cruz em 1979 – e não propõe criar padrão racial inexistente. Ao contrário, o inexistente originariamente, é o que descreve Airton Milward de Azevedo no texto referido, como Fila Moderno.
Nosso trabalho é demonstrar a diferença entre um tipo e outro e proporcionar um meio às pessoas que concordam conosco, de poder criar separadamente seus cães, sem se misturar com o padrão moderno.
Não era de se imaginar tantas reações da parte dos modernistas, especialmente as mais recentes estratégias. Mas devemos seguir em frente; somos todos humanos, erramos e podemos consertar a acertar os passos novamente.
Neste post segue mais um capítulo do nosso encontro de criadores da raça Original Fila Brasileiro, no município de Teófilo Otoni, Minas Gerais.
Durante nossa presença no evento, compareceram alguns antigos criadores que participaram de exposições do Cafib, na década de 1980. Anualmente aconteciam exposições em Teófilo Otoni e Governador Valadares, com a presença dos criadores de ambas as cidades em ambos os eventos.
Neste evento de 2022, nos encontramos entre outros com o criador Eduardo Jorge Marx, que foi proprietário de um excelente cão tigrado de nome Tigre, que alcançou diversas premiações na região.
No encontro o criador se lembrou daqueles bons tempos e afirmou que teria fotos antigas em casa, o que muito nos interessou, já que estas fotos documentam e evidenciam o padrão que nos interessa resgatar.
Logo após o evento, alguns dias depois, eis que recebemos diversas fotografias de época da família Max com alguns de seus cães, inclusive fotografias do cão Tigre, desde jovem até a idade adulta.
Esta fotografias são valiosas no sentido de avalizar nossas publicações e nossas afirmações do que é padrão original, aquele buscado por Paulo Santos Cruz, sob a orientação do grande conhecedor da raça nas origens.
Até quase o final da década de 1980, o fundador da Comissão de Aprimoramento do Fila Brasileiro, orientou os futuros juízes e criadores, sobre o conceito de raça, diferenciando os cães de origem dos cães em processo de modernização.
Tal era o movimento de modernização da raça que, se não fosse a interferência vigorosa de PSC em defesa do padrão de origem, certamente já teríamos o padrão original em vias de extinção há muito mais tempo.
Graças àquele movimento lançado com suporte do Boletin O Fila, muitos de nós jovens à época, não teríamos ficado sabendo dos fatos claramente como nos foi possível. E certamente acreditaríamos que os cães das fazendas seriam mestiços de viralatas.
Para refrescar nossas memórias e contribuir para a fixação em nossas mentes do que é o padrão OFB, publicamos aqui então algumas das fotos que Jorge Marx nos enviou.
Em primeiro lugar uma fotografia da uma das exposições em Governador Valadares, com ter cães muito bem classificados e qualificados à época, o cão Adros do Vale de Bragança – baio amarelo, o cão Tigre (RI) – tigrado, e a fêmea também bastante valorizada nas exposições Loba II do Caramonã – tigrada malhada de branco.
Na sequência algumas fotos do cão Tigre em várias fazes de idade, mostrando o desenvolvimento de um cão de padrão original, mais leve quando jovem e mais encorpado até a idade de 24 meses.
Observa-se perfeitamente o que estamos hoje tentando resgatar. O cão aparece em diversas posições conforme as fotografias, mostrando aspectos da morfologia funcional e da cabeça, sempre em pera e com o focinho absolutamente sem os excessos que vemos hoje em muitos premiados.
Postamos aqui também fotografias da família Marx com outros cães da época, sempre do padrão original, pois cães do tipo moderno à época eram considerados mestiços; diferentemente de hoje, que os originais são considerados mestiços pelos modernistas.
E para ilustrar segue também o acesso de alguns momentos do encontro de criadores em Teófilo Otoni, com breves demonstrações da prova de temperamento. Clique aqui
Aproveitando a ocasião seguem fotografias de cães premiados na década de 1980, inclusive com Melhor da Exposição. Como se pode comprovar o que sempre demonstramos, absolutamente distantes dos “Melhor de Exposição” atuais. Bons tempos aqueles.
Compare-se uma das fotografias do cão Tigre com uma fotografia de um cão OFB atual, ambos jovens, e observe-se que quase podemos confundir um e outro, apesar dos 40 anos de diferença.
Seguem mais algumas fotografias de animais premiados originariamente, e mais algumas de cães OFB atuais, confirmando sempre o padrão que estamos buscando preservar.
Assim também temos uma fotografia de um cão de fazenda - Leão, como muitos resgatados na década de 1980, apresentando o mesmo fenótipo que atribuímos aos nossos OFB, hoje raro. E muito mais raro seria se não existisse este projeto.
O projeto OFB, através do Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro, é a única organização nacional que se dedica EXCLUSIVAMENTE à preservação do padrão original da raça FB.
Todas as nossas publicações são de cunho didático, divulgadas gratuitamente.
25 de julho
Texto da Publicação
O ideal, o aceitável e o inaceitável.
Como sempre reforçando nossa missão de resgatar o tipo original da raça Fila Brasileiro, seguimos com um mais um artigo do criador Alberto Jorge, do Canil Cangaço.
A situação do Fila Brasileiro não é muito diferente do Mastino ou de outras raças molossoides, como também o Mastin Espanhol. Felizmente já se observa um movimento mundial no sentido de resgatar estas raças.
Mais especificamente falando sobre o Mastino Napoletano, nas palavras de Alberto Jorge:
“Dentre as várias raças que citamos, uma das raças molossóides mais antigas, descendente direta do molosso romano (Cane Pugnax): o fabuloso Mastino Napoletano, cuja origem também remonta ao Oriente Médio (Mastim Assírio), da mesma forma que a origem do Alão da Península Ibérica, ancestral direto do Original Fila Brasileiro.
Preferimos a nomenclatura Mastino Napoletano, ao contrário de Mastim Napolitano, pois essa é forma como os Mastinaros o chamam.
No início do século XX, o criador Mario Monti de Bagnacavallo e o juiz cinófilo Fabio Caielli excursionaram pelo interior da Itália, arredores de Nápoles, Foggia, Benevento, Barletta e Bari, em busca de exemplares aborígenes, crioulos (landraces) que guardassem analogia fenotípica com o antigo molosso italiano (trabalho similar foi feito na década de 1970 por Paolo Breber em fazendas buscando cães diferentes dos Mastinos Napolitanos da época — que já se distanciavam da sua aparência primitiva — resgatando assim o Cane Corso).
O veterinário Ruggero Soldati, o escritor Piero Scanziani, considerados os patriarcas modernos da raça, e outros pioneiros deram continuidade a esse trabalho criando o padrão e introduzindo o Mastino Napoletano na cinofilia formal.
Dessa época destaca-se o exemplar Guaglione I, adquirido após a exposição de Nápoles de 12 e 13 de outubro de 1946 (3 anos antes do reconhecimento da raça na FCI).
Vários livros sobre o Mastino Napoletano já foram publicados. Além do escrito por Piero Scanziani, há os de Nicola Imbimbo, Mario Zacchi, Fabio Fioravante, Felice Cesarino, Anne Mary Delaix, Carol Pulsen, Antono Crepaldi, etc.
Em idioma português há apenas um até o momento: Mastino Napoletano – O Rei dos Molossos, de Enrique Graziano, criador e árbitro especializado da CBKC.
O capítulo I dessa obra aborda história, origem e traz um bom apanhado das várias criações de Mastino no Brasil, em outros países, e especialmente da Itália, berço e eterno repositório genético da raça;
em seguida, no capítulo II, é mostrado o padrão com interessantes e úteis comentários;
o capítulo III trata basicamente de genética;
o IV sobre questões práticas da criação;
o V traz algumas entrevistas;
o VI é sobre saúde e doenças;
o VII cita a entidade brasileira Soman;
no VIII o autor responde algumas questões comuns acerca da raça, lista clubes e criadores;
e no IX traz uma galeria de fotos de exemplares de destaque e a bibliografia.
Na leitura deste relevante livro de Enrique Graziano é perceptível uma salutar preocupação com a preservação da tipicidade rácica, algo com o qual concordamos. Apenas fico em dúvida, e aqui humildemente me permito fazer um breve comentário fundamentado sobre a ênfase dada à questão, em comparação, por exemplo, com outros assuntos tais como saúde, qualidade de vida animal e mesmo performance.
O autor demonstra preocupação com a saúde dos cães, fato observável tanto no livro como em sua criação de Mastinos, mas talvez a abordagem que devamos ter em nossas criações animais seja de priorizar ainda mais a saúde e o desempenho, tornando a tipicidade secundária em relação a estes.
Eu diria que devemos nos posicionar de forma até intransigente ao não aproveitarmos exemplares que sequer esbocem possuir defeitos físicos ou mentais ou insuficiências, no grau mais leve que seja, em nossos programas de acasalamentos, independente do quão maravilhosa seja sua tipicidade. Tal qual a natureza o faria.
Nesse artigo escolhi pra exemplificar meu raciocínio um tipo de cão que admiro e desenvolvo essa questão em virtude de alguns comentários ao padrão da raça discorridos no livro.
Preliminarmente é fácil perceber uma desmedida preocupação com dobras e couro solto, como característica racial imprescindível. Lábios tão longos que podem ser mordidos pelo próprio cão.
Quanto ao comprimento do tronco do cão, a sugestão (pag. 91) é de altura mais 18%, enquanto o texto do padrão sugere altura mais 10%: um problema é que, enquanto a beleza é subjetiva, tal exagero de comprimento implicaria objetivamente em indivíduos menos aptos ao trabalho.
Já no item referente à movimentação há um comentário por demais sintomático:
“O Mastino raramente galopa” (pag. 119).
A maioria dos Mastinos modernos estaria menos disposta a galopar. Mas todos os canídeos deveriam galopar com facilidade, ao menos foi assim que os fizeram a natureza e os criadores/selecionadores do passado, aos quais devemos render tributos pelo legado que temos responsabilidade de conservar e aprimorar.
Caso a seleção atual altere tal fato seria um flagrante atestado de incompetência da nossa parte.
“O sapo não pula por boniteza, porém por precisão”, Guimarães Rosa.
A frequência com que os animais manifestam determinados comportamentos e movimentações indica o quanto para ele é fácil executar tais ações.
Se ele não desempenha alguns tipos de movimentações provavelmente sua biomecânica não o favorece. Como primeiros cães de guerra os molossos antigos certamente galopavam e muito. Os Mastinos originais indubitavelmente galopavam. Tenho certeza de que Guaglione e seus pares da época galopavam.
Nós possuímos um plantel de Originais Filas Brasileiros criados todos soltos, em área de aproximadamente um alqueire (5 hectares), numa chácara no meio do cerrado no planalto central.
É bonito vê-los desabalados em galopes pela brachiaria alta. Movimentos soltos e de alto rendimento. A disposição demonstrada, o prazer e o tempo que eles passam se movimentando dessa maneira indicam a facilidade com que executam essas ações.
Tenho uma árvore de eucalipto com a casca do seu tronco arranhada a uma altura de aproximadamente 3m por um dos meus exemplares em perseguição a uma presa.
Alguns deles conseguem saltar a extensão de mais de 5m da boca de uma bacia de contenção de águas da chuva. Os saltos são bonitos de se ver. Frequentemente o maior dos meus exemplares salta alto verticalmente sem pegar impulso, contorcendo-se no ar.
Dentre várias outras demonstrações de vivacidade.
Então devemos trabalhar em nossos canis para, através de acasalamentos estudados, combinar atributos rácicos, físicos, mentais, anatômicos de biomecânica, do movimento, com a morfologia que temos por objetivo.
Grandes cães molossóides, de estrutura pesada, ossatura privilegiada, grossa, mas em animais plenamente saudáveis e aptos ao trabalho, com movimentação fácil, sem esforço, de grande alcance e cobertura de terreno com menos gasto energético.
Atenção: sem massa demasiada! Mastinos, assim como Mastifes ingleses e todas as demais raças citadas de molossóides e suas misturas (os criadores de Bandogues já costumam se orientar pela função), não só podem como devem sim andar, trotar e galopar com o máximo de desenvoltura e resistência por grandes distâncias, sob as mais diversas condições climáticas e de solo;
Saltar em extensão ou verticalmente, com impulso ou parados; reagirem com rapidez em esquivas de defesa ou ataque; e seguirem com esse bom rendimento por toda sua vida inclusive e particularmente na velhice.
Para isso não é possível aos nossos molossos ostentarem vigas vertebrais não convexas, pior: seladas; angulações escapulo-umeral e do trem traseiro pobres; aprumos defeituosos, frágeis.
Em cães saudáveis normalmente esse desempenho é demonstrado com nítido prazer e satisfação, dado o desejo pelo trabalho e pelas brincadeiras.
Isso não só é possível como deveria ser meta de cada criação, já que pretendemos auxiliar a natureza na seleção. Estudar os ensinamentos da Ezoognósia ajuda sobremaneira aos criadores.”
A citação do criador Aberto Jorge a partir da raça Mastino Napoletano, nos alerta para a situação de muitos de nossos FB, a partir de seleção semelhante a que se tem feito com os Mastinos.
Sabemos que os processos seletivos podem levar a exageros e transformar completamente uma raça. A se seguir processos seletivos semelhantes, se pode chegar a resultados semelhantes.
Com o uso dos cães ainda existentes em fazendas, intocados pela seleção artificial de canis, que apresentem fenótipos e morfologias de boa qualidade, acelera-se o processo seletivo na direção da restauração da raça, na concepção original.
Também é possível se aproveitar cães FB desde que mediante pesquisas sobre origens, já que alguns criadores tiveram o bom senso de não levarem seus cães para exageros, mesmo com o incentivo dos clubes.
Considerando o cenário atual da criação da raça FB, um percentual de talvez 10% ainda pode ser aproveitado no sentido que queremos.
Colocando os cães resultantes dos acasalamentos OFB em mãos que aceitam a criação artesanal como método, pessoas que se propõem a testar os animais em diversas situações de habilidades, a seleção se completa.
Com o passar das gerações vamos obtendo cada vez mais o desejável; aquilo que é próximo do ideal: cães saudáveis, ágeis, fortes, destemidos e de bom sistema nervoso.
Sem perder a “defesa”, os filhotes devem se mostrar curiosos, investigadores, alegres e exploradores de ambientes desconhecidos.
Tudo vai depender das diretrizes traçadas para orientar os criadores!
A seleção de morfologias próximas do que se tinha no passado, orienta para este caminho e esta proposta. Seguir o que foi feito sob pressão de trabalho e no contato com as intempéries da vida nas fazendas, é seguir a saúde e a funcionalidade.
Igualmente contamos com um grupo de profissionais do adestramento, que nos orientam para o que é correto, aceitável e recomendado para a formação dos cães desde filhotes.
O profissionalismo pode e com certeza contribui para a seleção genética. A observação técnica da manifestação dos potenciais naturais dos animais, orienta a criação.
Neste quesito, o projeto OFB não só inovou nos ambientes da raça FB, mas também vem servindo de exemplo. Até a criação deste projeto, o que se dizia é que cães nascem prontos, não necessitam de qualquer condução para seu comportamento.
Trazendo cientificidade e profissionalismo ao projeto, temos avançado sobremaneira, com a produção de cães excepcionais em morfologia e temperamento.
A seguir postamos algumas fotografias que demonstram os limites do aproveitável e do não aproveitável, para a raça OFB, mas também demonstram o nosso ideal.
Fotos da raça Mastino Napoletano em diversas fazes da seleção, desde o reconhecimento da raça pela cinofilia oficial, configuram o mesmo histórico que vinham submetendo o FB, até a chegada de nosso projeto.
Como no caso do Mastino, fotografias de época orientam e servem de referências, especialmente quando demonstram a capacidade reprodutiva de um padrão que se perpetua.
O objetivo de nossos posts é educativo e de capacitação para nossos criadores e seguidores.
Todos as nossas publicações são gratuitas e as imagens utilizadas estão disponíveis na internet.
9 de agosto
Texto da Publicação
Filhotes OFB como diferenciar e prever o adulto.
À medida que o projeto OFB vai crescendo, observa-se uma consistência na escolha dos exemplares para a reprodução, seja nos cerca de 10% de cães FB escolhidos como ainda preservados, seja na escolha de cães aborígenes em fazendas pesquisadas.
Sem pressa, observando os resultados morfológicos, funcionais, e o temperamento ativo, regado a sistemas nervosos de elevado limiar, o plantel se firma.
Após a quinta geração de reprodução, se pode perceber em um plantel a capacidade de transmissão de características raciais com segurança.
Sem o surgimento significativo de atipias, ou aparências com raças alienígenas no plantel, os cães OFB relembram cada vez mais o passado glorioso da raça FB quando ainda estávamos no período proposto por PSC, em busca deste resgate.
O “entrosamento” genético entre cães FB bem escolhidos, e os aborígenes, tem trazido a certeza do caminho correto, já que o fenótipo não se altera nos filhotes desde a primeira geração.
Logo nas primeiras gerações, vai-se percebendo que a vida sacrificada dos aborígenes no interior, os tornou menores em geral, sofrendo uma seleção em que os maiores não sobreviveriam em condições tão severas.
Os filhotes destes cães, mesmo se tratando de acasalamentos entre aborígenes, após duas gerações de cuidados e boa alimentação, já apresentam exemplares maiores, que podem ser escolhidos para a reprodução.
A simples heterose entre linhagens “fechadas” nas fazendas, tem trazido excelentes resultados. E a heterose entre linhagens de FB escolhidos e cães de fazendas, tem surtido efeitos igualmente satisfatórios.
A tese de PSC de que este seria o caminho para o resgate da raça pura, antiga e colonial, se confirma, longe das experiências de alteração do fenótipo da raça original.
Neste nosso post vamos novamente, a título de sempre reforçar as referências a que devemos seguir, postar fotografias de época em comparação com fotografias de cães OFB. Desta vez fêmeas e alguns machos jovens de gerações mais recentes.
Também relembramos aqui para visualização, partes de um vídeo super interessante do filme ‘Sinhá Moça” o original da década de 1950, onde se pode ver cães da Fazenda Paraitinga, uma das fazendas que forneceu alguns dos primeiros exemplares de FB para o BKC.
O vídeo completo do filme pode ser encontrado na internet (Youtube) com uma pequena busca: “Sinhá Moça 1953, Filme Completo”.
Trata-se de uma obra de arte que reproduz com fidelidade importante parte da história do Brasil, realizada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, estrelado por Anselmo Duarte e Eliane Lage.
Cabe dizer que se trata, considerando as dificuldades técnicas da época, de uma produção surpreendente de nosso Brasil. Participou do filme um enorme elenco, e as cenas foram produzidas com esmero e realismo, diga-se o detalhe do uso de cães na perseguição dos escravos, que demandou fino adestramento.
A arte imita a vida e no caso retrata com perfeição as elites do período colonial, os coronéis, os capitães de mato e os escravos e o tratamento que recebiam. O filme aborda os últimos momentos históricos antes da abolição da escravatura. Uma filha de Senhores, se rebela e luta para salvar os escravos da própria fazenda em fuga.
No link que postamos aqui, você pode ver uma parte onde aparecem os cães treinados especificamente para as cenas do filme, onde perseguem os “escravos” fugidos.
Em alguns outros momentos pode-se ver os nossos aborígenes cedidos pela Fazenda Paraitinga, em rápidas passagens, porém sempre interessante para nossa visualização e aprendizado a respeito do fenótipo original.
A fotografia que postamos dos cães da Fazenda Paraitinga, estão juntamente com a atriz Eliane Lage, protagonista do filme e que passou a criar a raça após sua experiência nas filmagens.
A perseguição completa com os cães se inicia no minuto: 1:20:28 do filme. Em alguns momentos pode-se observar a morfologia dos cães, de forma impressionante parecida com a dos que temos resgatado até hoje no interior.
São 70 anos de distância, tempo em que os modernistas se esqueceram completamente de nossas origens, não reconhecendo mais a raça original!
Word Dog 1953, Sinhá Moça (Brasil)
Também, somente para relembrar mais uma vez, uma fotografia publicada no “Boletim O Fila, de 1979, com dizeres de PSC de que a raça seria pura, fixada. Segundo o pesquisador considerado majoritariamente como Pai da Raça, a raça estaria fixada há mais de 100 anos, à época.
Ao se observar a desgastada foto do Boletim, ainda dá para ver que se trata do mesmo padrão OFB que ora perseguimos e estamos alcançando confirmar em nossos criatórios.
E também reforçando nossas referências para a raça OFB, publicamos fotografia de maravilhosa fêmea Magia da Fazenda Carolina, o padrão original que estamos reproduzindo a cada dia mais. De onde os criadores modernos se distanciaram a cada dia mais.
Infelizmente a genética original desta fazenda acabou por se perder, em meio a acasalamentos não programados para manter este padrão, mas para modernizá-lo. Prejuízo imensurável para a raça original.
Na sequência, as novas gerações OFB que estão em reprodução, após gerações de testes reprodutivos, incluindo os abominados aborígenes pelos criadores modernos, que tanto renegaram estes maravilhosos cães trabalhadores.
Finalizamos com imagens de filhotes OFB do Canil Martalice, sendo preparados para viagem. O OFB pra todo o Brasil.
Observe-se bem as diferenças entre estes filhotes e a imagem de um filhote moderno, disponível na internet. A escolha é de cada um.
Observe-se bem o que este filhote se tornará em adulto e certifique-se se sua escolha, o que você vai querer.
Seguimos com uma fotografia de um cão adulto OFB de origens conhecidas, com pedigree, escolhido para base de acasalamentos com fêmeas aborígenes, do que veio a se observar novas gerações absolutamente de mesmo padrão.
Para finalizar postamos o padrão visual descrito por PSC, desenho de Marilda Malet, para orientar àqueles que deveriam seguir os passos para a preservação do original Fila Brasileiro, ou para quem quiser ainda seguir este caminho.
Nossas publicações são de absoluto cunho educativo e de capacitação para criadores e aficionados OFB, e publicadas gratuitamente.
As imagens utilizadas estão livremente disponíveis na internet.
14 de agosto
Texto da Publicação
Resgate real.
O mundo dá muitas voltas.
Recentemente por ocasião de mudança na diretoria do Cafib, assumindo como presidenta a veterinária Mariana Campbell, surgiram conversas neste vasto mundo de polêmicas que é o do Fila Brasileiro, de que haveria na genética cafibenana, de parte do plantel do clube, cães com ascendência em exemplares de pelagem negra oriundos da CBKC.
Sabe-se que muitos cães com origem CBKC foram aproveitados no programa Cafib, mas sempre foi negado que houvesse cães com origem em Filas pretos.
No entanto em nota, o Cafib responde que desconhece as genealogias de pelo menos parte dos cães que recebe em RI, e portanto só considera as genealogias após as gerações do RI emitido, sob observações de seus criadores e juízes credenciados pela diretoria:
“Em virtude de alguns falatórios venenosos sobre a suposta existência de cães negros na ascendência de alguns exemplares premiados em nossas pistas, é importante lembrar, mais uma vez, que o CAFIB, desde sua fundação em 1978, sempre desconsiderou as genealogias constantes dos pedigrees (com tantas informações mentirosas) emitidos por quaisquer outras entidades cinófilas. Sempre tivemos por regra analisar o fenótipo e o temperamento dos exemplares em pista sem dar ouvidos a intrigas e boatos, orais ou escritos, sobre a sua ascendência; e, depois, avaliamos as ninhadas por eles geradas para confirmar, ou cancelar, a aprovação na Análise.”
A explicação é óbvia, porque realmente não há como se conhecer a veracidade de todos os pedigrees de cães a serem introduzidos em um programa de criação. O que vai fazer a diferença é a avaliação das ninhadas – também óbvio – e a observação de seu desenvolvimento até aos 12 meses de idade.
Teoricamente, os cães que aparecerem com sinais de atipia ou sinais similares a de outras raças, especialmente as raças que foram utilizadas para “melhoramento” do FB com finalidade de lhes dar aparência moderna, deveriam ser descartados da reprodução, assim como todos os seus aparentados.
Sabemos o quanto esta prática é difícil na cinofilia. Quantos pedigrees foram negados ou cancelados no Cafib durante estes anos, após observação das ninhadas, com duas ou três gerações dentro do clube?
Cancelar um único pedigree de um reprodutor, depois que ele tenha acasalado com três fêmeas (este é o proposto para teste de reprodução), significa cancelar vários documentos em andamento, porque de todos os parentes terão que ser cancelados.
Acarretaria na maioria das vezes, o cancelamento de dezenas de documentos. Os criadores e proprietários dos vários cães adquiridos na confiança de que seriam filas puros, concordariam?
É de se acreditar que prevalece a lógica do ditado: “onde passa um boi passa uma boiada”. Passando alguns mais ou menos atípicos, todos os outros passariam, ficando sua genealogia no plantel, especialmente dos parentes.
Negar pedigree a criadores que investiram em cães registrados, depois de investimento de anos na criação é quase impraticável. Certamente se houve casos nesta situação, foram pouquíssimos. A grande maioria dos descendentes dos RI tem continuidade na criação.
E aí mora o perigo, porque os cães de fenótipos mais distantes do padrão, estarão sempre presentes em ninhadas, ainda que não tenham sido premiados em exposições. E se forem premiados, pior, pois servirão de modelo para os criadores.
Dependendo das anomalias de tipicidade aceitas dentro do plantel, e dependendo da influência de alguns criadores no clube, com o tempo o padrão praticado vai ficando alterado, se distanciando do texto e do padrão visual estabelecido para ser seguido.
E quanto mais tempo, quantos anos mais se passam com esta aceitação de novos tipos no plantel, maior o número de cães distantes do tipo antigo. E o tipo antigo passa a ser a anomalia.
Depois de um determinado tempo, o padrão vigente será uma alteração do passado e não restará aos clubes outro caminho a não ser aceitar a realidade: premiar cães de tipo inexistente no passado, negando o padrão antigo e argumentando que a raça evoluiu.
A absorção de inúmeros cães de origem CBKC para dentro do Cafib ao longo de décadas, certamente pode explicar o distanciamento do fenótipo dos primeiros cães premiados por PSC na década de 1980, para os premiados modernamente.
Com objetivo de se evitar ao máximo absorver cães de origem moderna, foi que decidimos optar por cães ainda existentes em fazendas, que trazem consigo o fenótipo antigo, original, contando que não tenham tido contato geneticamente com cães de canis.
Concordamos que nenhum pedigree de clube fornece informações seguras de origem. Os poucos cães Cafib ou CBKC que adentraram o plantel OFB, em sua maioria tiveram suas ninhadas em observação até a geração de netos, para a confirmação e emissão dos documentos.
Evitando os cães de origem duvidosa, já adiantamos grandemente nosso trabalho de resgatar a raça no seu padrão original. Os riscos que se corre são certamente menores, motivo pelo qual após pouco mais de 10 anos de experiência, estamos obtendo êxito considerável.
Partimos de um pequeno plantel de cães com pedigree, razoavelmente dentro dos parâmetros de padrão antigo. Mas sabendo que algo ainda precisava ser melhorado para nos aproximarmos mais de nosso patrimônio original, optamos por buscar material genético nos interiores.
Não partimos de uma ideia inventada de última hora. Já havia a proposta de PSC de se realizar esta jornada pelos interiores em busca de material genético intocado pela modernidade, desde que se percebeu alterações nos fenótipos dos cães dos canis, em 1978.
Alguns de nós já tínhamos esta experiência e a tivemos em diversas ocasiões, entre as décadas de 1970, 1980, 1990, e agora novamente. Então a opção de evitar cães com pedigrees emitidos de forma duvidosa, fez com que criássemos uma nova vertente e opção para o resgate da raça.
Sabemos por experiência e estudos, que a raça – ou o tipo de padrão que denominamos original – é fixada há mais de século, muito antes que a CBKC a reconhecesse. Então porque “inventar a roda”?
Para nós, basta seguir a “pegada” da raça, ir em busca do que ainda possa existir no padrão apontado por Paulo Santos Cruz como o original. E para tanto nada como buscar os exemplares que ainda estejam em conformidade com a origem.
Muito mais seguro do que adotar cães cujos pedigrees não sejam confiáveis.
O erro que pode nos acontecer é de se obter alguns filhotes de porte um pouco abaixo do desejado, nas primeiras gerações, mas nunca de se ter desvios graves de padrão com surgimento de tipos exóticos.
Risco calculado e de menor importância, já que fácil de corrigir.
Originariamente não temos no interior distante das exposições, cães com características que lembrem mastins ou mastifs com orelhas de Bloodhound. Este risco não vamos correr.
Todos podemos errar, mas a atenção nos resultados nos levará a buscar sempre os acertos e correções necessárias. Os olhos nos documentos e fotografias antigos, nos lembrará sempre para onde devermos pender, sem nos perder.
A nota do Cafib, a nosso ver não descredencia a entidade, mas em se tratando de uma confissão de prática, abre a possibilidade para a correção de rumos. Sabemos que é difícil na situação em que se encontra, com tantos animais que fogem ao padrão traçado por PSC, mas um esforço é possível, desde que os criadores também encarem o desafio.
Se a raça é mais importante que o orgulho e a vaidade de criadores e clubes, torcemos para que a razão se estabeleça nos ambientes do FB e todos trabalhem para um só objetivo: resgatar o patrimônio nacional.
Só podemos desejar que a nova presidenta Mariana tenha sucesso em restabelecer os caminhos da entidade, com um retorno às origens, pois não há outro caminho para uma entidade que desde 1978 se propôs a ser fiel a esta origem.
E sabemos que ela tem competência técnica para a tarefa. É uma questão de vontade política do próprio clube. E da comunidade de criadores, lógico.
Neste post vamos rememorar alguns animais em fotos antigas, para aprimoramento de nossa acuidade visual. Temos em primeiro lugar, um dos primeiros cães de fazenda registrados no Cafib, de nome Danúbio, que foi pai de excelentes animais que vieram a compor o plantel inicial do clube.
Podemos ver também um dos cães da linhagem Porto Alegre, de fazenda de Governador Valadares, MG, da década de 1990, foto constante do primeiro livro “Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original”.
Sem parentesco com Danúbio, o cão Rambo apresenta o mesmo padrão original. Sempre os encontramos magros, tratados sem muitos cuidados. A rusticidade os mantinha vivos, funcionais e úteis.
Observa-se nestes cães uma impressionante estrutura óssea, grande fêmur e coxas longas, aptas a grandes jornadas, assim como uma massa corporal sem excessos.
Também em fotografias de cães premiados em 1982 pelo próprio Cafib, ou registrados em análise, observa-se a morfologia natural, perdida aos poucos.
Podemos ver o retrocesso com as premiações modernas, o quanto se distanciou das origens, através das fotografias a partir dos anos 2.000 até o advento dos premiados modernamente, seja em qual clube de criação se observe.
A fotografia de um Fila de pelagem negra, demonstra o quanto se alterou a aparência dos cães antigos. E a fotografia de um premiado moderno Cafib ao final de década de 2.000, demonstra o risco de se buscar na modernidade os parâmetros para as premiações.
As tentativas mais recentes de se “melhorar” as premiações precisam ser mais enfáticas. Ao se observar um premiado mais recente, já se nota a intenção, mas será necessário mais esforço, ou não se chegará à realidade de 1980.
Segue foto com dois cães de fazenda (Bolecho e Rex) introduzidos no programa de acasalamentos OFB, sem parentesco, identificados em distâncias de mais de 700km entre ambos.
A transmissão de características raciais, tem se mostrado mais segura do que a introdução de cães com pedigree sem confiabilidade. A identidade fenotípica é uma realidade na maioria destes cães, quando reproduzem.
Algumas fotografias de nossos cães OFB apresentados ultimamente, demonstram que o caminho é possível, seja com cães de origem com pedigree bem estudada, seja com cães aborígenes ou do tipo colonial.
Todas as nossas publicações são gratuitas e de cunho informativo, formativo e de capacitação.
As imagens utilizadas estão disponíveis livremente na internet.
21 de agosto
Texto da Publicação
O projeto OFB é organizado legalmente como uma associação, organização não governamental – ONG, com o nome de Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro, organismo preservacionista e não clube de criadores.
O que faz a diferença é o caráter preservacionista prioritariamente. Um clube de criadores pode ter entre suas prioridades, a realização de exposições para a divulgação de uma raça, sem que necessariamente tenha o compromisso inarredável de preservar a originalidade da raça.
O compromisso pode estar ligado a um suposto melhoramento, ou aprimoramento de uma raça, o que supõe a possibilidade de se promover alterações a partir de uma base racial.
Em caso de animais cuja finalidade seja a produção de carne ou leite por exemplo, os parâmetros de melhoramento ficam estabelecidos pela produtividade, e a evolução da raça na direção desejada é clara. Ou seja, já se tem a definição do que é evolução.
São realizadas medições, acontecem competições, e programa-se acasalamentos com o mesmo objetivo. As exposições tem como objeto, demonstrar os resultados obtidos a cada geração.
Nestes casos, a subjetividade é pequena. O que determina os resultados e premiações, é a produtividade. Como no futebol, só ganha se fizer gol.
Em outras situações, dependendo das raças e das espécies, os parâmetros de qualidade podem ser estabelecidos de forma mais sutil, o que acaba gerando subjetividade nos julgamentos.
Em cavalos por exemplo, se entre os objetivos por exemplo de produzir marcha ou trote, entra nas observações dos juízes, conceitos de beleza, abre-se a porta para a subjetividade. Os conceitos de beleza podem variar de época para época.
Em grande parte das exposições de cães, a subjetividade é uma tônica! E o mercado gosta. Quando se estabiliza um determinado padrão estético por muito tempo nos ambientes das exposições, o lugar comum tende a desvalorizar a raça. Então é preciso alterar o conceito de beleza.
Em geral se faz isso com justificativas de se estabelecer melhor a raça, mas sempre com os olhos no mercado.
No caso do FB, temos uma sequência de padrões, tentando estabelecer o que é a raça desde 1950, ou o que é o ideal para um Standard final.
O primeiro padrão foi estabelecido por Paulo Santos Cruz em 1950, segundo a experiência que ele acumulara com a raça desde uma década convivendo com cães de fazenda, que apareciam nas exposições BKC, ou que ele mesmo via no interior.
Em 1976 o BKC realizou um simpósio e apresentou novo padrão para a raça. Em 1978 novamente Paulo Santos Cruz elabora novo padrão, com a criação da Comissão de Aprimoramento do Fila Brasileiro, pelo próprio BKC.
Neste momento, como a criação do FB estava já acontecendo em larga escala e muitos cães fora do padrão, acontece a cisão entre PSC e BKC e surge o Cafib como clube, deixando de ser uma Comissão.
Em 1984 com a criação da CBKC, novo padrão é editado. Em 1992, a Associação Brasileira de Cinofilia – ACB, dissidente da CBKC, edita também seu padrão, tentando corrigir absurdos nos julgamentos de pista que vinham acontecendo. Em 2016 novamente a CBKC edita novo padrão, que se encontra válido até o momento.
Convivendo com este ambiente desde a época do Clube Mineiro, em meados da década de 1970, e acompanhando acertos e desacertos, juntamente com alguns criadores que conheceram a raça originariamente, arriscamos também traçar nosso padrão em 2012.
Visitando nosso site www.npofb.com.br você poderá ver nosso padrão e diversas publicações a respeito das alterações impostas às raça FB.
Enfim o que se pode deduzir disso tudo é que antes que se realizasse um estudo mais apurado do que é a raça Fila Brasileiro, muitas deduções apressadas foram concluídas, e muitas ações sobre a seleção em busca de um padrão, foram efetivadas.
Dentro desta realidade algumas situações podem ser consideradas reais.
Em primeiro lugar: a raça é preexistente ao BKC, já era reconhecida por fazendeiros desde antes do século XX. Após conviver com ela, confirmando-se sua capacidade de transmissão de características consideradas típificadoras, Paulo Santos Cruz emitiu um reconhecimento do fato: a raça é fixada há mais de 100 anos.
Não havia uma homogeneidade, já que os cães vinham de várias regiões do interior, mas havia uma frequência de características que eram transmissíveis!
Naquele momento, talvez tenha surgido a preocupação de se buscar uma homogeneidade, já que o conceito de raça caipira ou crioula, só veio a se firmar como científico através de trabalhos da Embrapa, com pesquisas de bovinos e outros animais de importância agro econômica.
Daí a providência em se estabelecer o padrão visual desenhado para o Cafib.
No entanto a raça estaria muito mais ligada a funções e utilidade do que a aparências. As aparências estariam umbilicadas com as funções, e o molde morfológico teria sido o trabalho no campo, a utilidade, a sobrevivência, a rusticidade, a resistência física, etc.
E ao mesmo tempo teríamos um molde mental, que viria a se formar com o trabalho.
Este é o molde morfológico e mental do Border Collie. Para os criadores da raça, pouco importa uma homogeneização. Na verdade uma certa variabilidade de tipos é positiva no sentido de que permite adaptações a situações diversas.
No entanto, para os que nos criticam, ao se olhar um Border, logo se sabe que raça é. Portanto a identidade racial existe.
Com o objetivo de se buscar uma identidade morfológica para o FB, e em especial buscar uma homogeneidade, ao longo de décadas o resultado foi o distanciamento do conceito original.
As exposições passaram a pautar os rumos, com premiações diferentes a cada década, mudando-se tanto o tipo racial, a ponto de se ter que editar novos textos de padrão.
Em 2010, após mais de 60 anos do surgimento do Fila nas pistas, com certeza não estávamos acertando, pelo menos com a proposta de preserva-lo. A proposta de condução neste sentido, criada por PSC, não estava sendo seguida.
Era preciso retomar os caminhos, rever tudo, reavaliar e arriscar mais uma vez um trabalho com a criação.
O primeiro passo foi uma busca por documentos antigos, especialmente fotografias e depoimentos sobre como era a raça antes das exposições. Ou pelo menos até certa altura, de 1950 a 1970.
Desde então estamos procurando realizar o que deveria ter sido feito há décadas. Criando longe das exposições tradicionais, de forma artesanal, e procurando outros parâmetros que se possa considerar de qualidade, ou de superioridade para os exemplares que vão para a reprodução.
Cada criador procura testar seus cães de alguma forma, o mais próximo possível de suas funções, levando a trotar longamente, testando como cães de defesa territorial, de defesa pessoal, ou de boiadeiro para os que tem a condição.
Levaremos anos ainda para algumas conclusões, mas debatemos os resultados e experiências em nossos grupos de internet, e vamos aprendendo, observando o desenvolvimento de cães jovens e sua evolução até ficarem adultos.
Desde que retomamos as visitas a campo, encontramos novamente o mesmo tipo rácico das fotografias antigas, de época, portanto temos a segurança de que ainda temos material genético para o resgate.
E com os parâmetros que já temos, sabemos o que não é o Original Fila Brasileiro.
A construção de um plantel vai se confirmando aos poucos com o objetivo que queremos: preservar mais que homogeneizar.
A identidade racial existe, só precisamos entende-la melhor. Não conseguiremos repetir as façanhas da seleção nas fazendas durante o período colonial, mas se realmente entendermos o que é a raça, podermos preservá-la a contento com a saúde e o vigor funcional que ela vem trazendo do passado!
Agora é testar os cães, submetê-los a exercícios como muitos de nós temos feito, geração a geração, selecionando para a reprodução os mais ágeis, fortes, resistentes e saudáveis.
Veja o vídeo em segunda geração. Testado e aprovado em diversos quesitos, o cão Thor deixa para seu filho Açaí do Caramonã suas capacidades e habilidades. Acesse aqui
No inicio são 5km, e vai-se aumentando o trote, alcançando os 10km ou mais em uma manhã. Assim pensamos eliminar boa parte de possíveis problemas estruturais que possa atrapalhar a seleção.
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21 de agosto
Texto da Publicação
TESTANDO GERAÇÕES.
Observando-se no video as duas gerações, pai e filho, nota-se que há uma perpetuação na forma de locomoção e movimentação.
Passadas largas permitiram o acompanhamento ao cavaleiro, sem muito consumo de energia. Força, agilidade, energia. É disso que se trata o Original Fila Brasileiro.
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TESTING GENERATIONS.
Observing the two generations, father and son, it is noted that there is a perpetuation in the form of locomotion and movement.
Long strides allowed the rider to be followed without much energy consumption. Strength, agility, energy. That's what the Original Fila Brasileiro is all about.
Assista aqui
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Watch here
19 de setembro
Texto da Publicação
Alguns de nossos seguidores e aficionados do Original Fila Brasileiro tem nos perguntado a respeito da pelagem branca na raça Fila Brasileiro, ou no Original.
Este tema tem sido debatido internamente em nosso grupo de criadores.
Como a origem da raça não é bem esclarecida, já começamos por aí a não nos arriscar a afirmativas ou conclusões definitivas.
O que dizia o primeiro padrão da raça, apresentado por Paulo Santos Cruz em 1952, tomado como base os cães surgidos no BKC e também observados em fazendas desde primórdios de 1940?
“COR – Todas as cores e suas combinações são permitidas. Nos unicolores e rajados, são comuns as manchas brancas no peito e na garganta, extremidade dos membros e ponta da cauda”.
Com esta abertura, o próprio PSC registrou e usou cães de pelagem branca e até mesmo cães com muita proporção branca no corpo, como demonstramos neste post.
No texto de nosso padrão OFB, fomos um pouco cautelosos, limitando a aceitação do branco na raça, em até 1/3 da cobertura do corpo. O que podemos tranquilamente rever no futuro, ou em alguns casos fazer exceção para registros. Porque deixamos claro que o mais importante é que os animais apresentem características raciais de alta qualidade.
E este deve ser o ponto. Primeiro o fenótipo de elevada qualidade, e em segundo lugar a capacidade dos cães em transmitir este fenótipo aos descendentes, até pelo menos três gerações. Porque a capacidade de transmissão racial, com manutenção de bons fenótipos, é um teste mais confiável.
No livro “Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original” edição de 2018, demonstramos que alguns cães que acompanhavam as “entradas” desde os anos de 1.700 no interior do Brasil, apresentavam pelagem branca ou malhada.
À página 163 demonstramos desenhos da expedição do Coronel Afonso Botelho de Sampaio de Souza (1768-1773), cães grandes malhados de branco, junto a indígenas em situações de conflitos com a expedição.
Também na expedição do Marechal Rondon (1890 a 1913), à página 167, um grande cão branco, tipo molossóide, e às páginas 168 e 169 demonstramos possíveis ascendentes muito antigos dos molossos, com marcações brancas, inclusive fenótipos muito parecidos com os de nossos originais Fila Brasileiro, comparável a cães de fazenda em Minas Gerais.
Às páginas 168 e 169, demonstramos a coincidência de fenótipos e de pelagens em cães das raças Pastor da Ásia Central e Buly Kuta, com cães provenientes de nossos interiores, sem mestiçagens modernas.
Também no mesmo livro citado, às páginas 113 a 116, ao investigarmos algumas raças da Península Ibérica, notadamente os cães portugueses, percebemos que marcações brancas são comuns aos cães de gado, como o Cão de Gado Transmontano.
O que nos leva a crer que a pelagem com marcação branca em determinados molossos sempre foi comum. E não seria diferente com nosso Original Fila Brasileiro.
A questão das pelagens com marcação de branco no Fila Brasileiro de origem, remete também a polêmicas criadas sobre as pelagens escuras, especialmente a pelagem negra.
Durante 26 anos seguidos o reconhecido como pai da raça, Paulo Santos Cruz, afirmou pela existência de cães Fila Brasileiro de pelagem negra – artigo A Cor do Fila (Revista Nossos Cães, fev/1951), Revista Caça e Pesca(junho/1963), Revista Animais e Veterinária (Abril/1977), ou pela possibilidade real de que a raça pudesse apresentar esta pelagem.
Somente em 1978 Paulo Santos Cruz nega a pelagem negra, em um contexto em que surgiam cães mestiços de Dog Alemão e Mastin Napoletano, com a pelagem negra.
O que se pode tirar como lição destes fatos relacionados às pelagens negra e branca no Fila?
Com relação à pelagem com marcação branca, é que ela se apresenta na raça em percentuais consideráveis, especialmente em algumas linhagens antigas. A pelagem negra com muito mais raridade.
Segundo estudiosos de documentos da raça, possivelmente vieram do interior alguns cães negros que geraram cerca de 2% de documentos do total dos pedigrees no passado.
E com o surgimento de um percentual muito maior de cães negros de forma repentina nos pedigrees, e com eles fenótipos não dantes observados, pode-se concluir que o importante aos se tentar resgatar uma raça, é a observação de dois pontos:
01 – A análise bem estudiosa dos fenótipos.
02 – A observação criteriosa da capacidade de transmissão das características raciais originais, nos descendentes até à terceira geração.
Recentemente tivemos a oportunidade de comprovar que os pedigrees de Fila Brasileiro – qualquer que seja sua origem ou agremiação - não são confiáveis do ponto de vista de garantir um fenótipo original.
Para nós que estamos engajados no trabalho de resgate da raça OFB, em decorrência do desvio comprovado do fenótipo dos planteis atuais, serve de lição o passado e experiência dos clubes.
Diz o ditado popular que devemos orar e vigiar!
Reforçamos ao nossos criadores que é importante não só observar o sábio ditado, mas também reforçar que é importante vigiar mais que orar.
Também segundo um ditado inglês:
“Na criação de cavalos, se você fizer tudo certo, seu sucesso será incerto; se você não fizer tudo certo, seu insucesso será certo”, nos alerta para nossas criações.
A palavra deve ser sempre; seleção, seleção, seleção.
Nesta publicação procuramos postar fotografias de bons cães de padrão antigo ou original, com alguns descendentes por diversas gerações, demonstrando que a marcação branca pode se confirmar como parte da raça, desde que o padrão se confirme.
Postamos fotografias de cães da década de 1950, que sendo utilizados na reprodução, vieram a comprovar que a marcação branca não influiu – ou não comprometeu - a permanência do padrão.
Não seria pela pelagem que vamos confirmar a pureza racial.
Também postamos fotos de cães descendentes de linhagens antigas, como a Fazenda Carolina, demonstrando fenótipo e pelagem originais.
Ao final fizemos comparações de fotografias confirmando que a raça pode apresentar a pelagem malhada de branco, com fenótipos compatíveis, ao longo de décadas.
Há alguns conceitos que afirmam que o branco no Fila deve ser simétrico, ou não pode ser acompanhado de pequenas manchas no sub couro, etc. São detalhes não comprovados sobre pureza da raça, já que não temos estudos científicos, mas apenas observações empíricas de criadores.
Portanto não nos parece criterioso observar tais afirmativas em nossa seleção. Cabe a cada criador selecionar a seu gosto a questão da pelagem branca, com observações a respeito dos riscos de despigmentação, se o fator se apresentar.
Voltamos a citar ainda uma frase do “pai” da raça Fila Brasileiro, Paulo Santos Cruz, em determinado momento em que foi questionado sobre a importância da cor na seleção de seus animais:
“Quem quiser cor que plante rosas”.
Portanto manter os olhos fielmente no padrão, é o objetivo.
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11 de outubro
Texto da Publicação
Angulações, membros, e funcionalidade.
Ao iniciarmos os trabalhos de resgate de cães no interior, em fazendas, encontramos cães sem contatos com as criações de canis e longe da seleção artificial.
O que se esperava era poder observar o comportamento da genética destes animais, verificando assim os níveis de transmissão de determinadas características, consideradas típicas da antiga raça Fila Brasileiro. Que denominamos de Original Fila Brasileiro.
O fato vem se configurando ao longo de gerações em reprodução, confirmando o que Paulo Santos Cruz afirmava, que a raça seria fixada desde antes do surgimento da BKC no Brasil.
Após passada esta fase, ao longo já de uma década de experiências, nosso grupo de criadores vem procurando compreender qual seria a melhor estrutura morfológica para os cães que vem sendo submetidos a acasalamentos e seleção.
A palavra SELEÇÃO nos suscita preocupações, porque precisamos saber exatamente em que direção devemos programar os acasalamentos.
Duas questões se sobressaem em nossas preocupações: temperamento e morfologia. Quanto ao temperamento podemos saber com mais facilidade o que deve ser selecionado e o que deve ser descartado.
Estamos submetendo os animais a diversas provas, como trabalho com gado, defesa pessoal, defesa de território, adestrabilidade, etc.
Para isso temos um excelente grupo de adestradores bem qualificados e outros que vem aprendendo.
Quanto à morfologia ideal, ainda é um caso a se estudar. Sabemos o que deve ser descartado na maioria dos casos, partindo das experiências realizadas pelas criações modernas do FB, onde se pode identificar com facilidade os equívocos conceituais.
Pelo menos podemos entender que o afastamento severo da morfologia encontrada originariamente, é equivocado, partindo do princípio de que a raça era objeto de utilidade e assim foi selecionada por séculos.
No entanto persistem dúvidas a respeito de angulações ideais por exemplo, ou até se podemos tratar a raça com esta premissa de enquadrar a todos em um conceito de ideal.
O que poderia diminuir as variáveis, restringindo assim possibilidades de trabalhos de diversas modalidades diferentes, para linhagens diferentes.
Uma das propostas e que já vem sendo seguida, é de se submeter os cães que irão iniciar na reprodução dos canis, a provas de trabalho segundo cada criador deseja desenvolver a linhagem.
Alguns de nós estamos submetendo os cães jovens a jornadas de trote e longas caminhadas, como teste de resistência. Desta forma deixamos um pouco de lado as teorias e conceitos de beleza (estética moderna) e também tipicidade de clube e levamos os cães a extremos de esforço.
Outros criadores estão da mesma forma submetendo seus cães a trabalho em fazendas, com gado, distribuindo filhotes a fazendeiros e vaqueiros e observando o comportamento e a funcionalidade dos animais.
A morfologia que se apresentar mais funcional, será tomada como ideal ou aceitável.
Sabemos que a raça Fila passou por processos de seleção por mais de 40 anos de criação de clubes, mas que na verdade não se baseou em funcionalidade, mas em suposições de que determinadas morfologias seriam funcionais.
Sem testes reais, sem submeter os cães a esforços físicos e mentais, o que fica é o imaginário humano que muitas vezes se equivoca.
Independente disso, já existem estudos na cinofilia em geral, considerando a respeito de posicionamento dos ossos, que podem auxiliar bastante nossa observação visual, evitando-se ingressar defeitos nas criações.
Existem posturas morfológicas que são consideradas “naturais” para a espécie – exceto nos casos dos cães anacolimorfos como os do grupo Basset – e que podem nos guiar basicamente na escolha de bons animais para acasalamentos.
Da mesma forma, existem morfologias específicas, desenvolvidas para especializações, como para alta velocidade. A seleção do Fila não se encaminhará para estes segmentos, já que a raça foi construída em funções que lhe permitem uma variedade de habilidades e menos uma só especializada.
Exceto, podemos afirmar, a especialização como cão de guarda territorial.
Observando-se o esqueleto da espécie em geral, para cães não muito especializados, tem-se medidas das quais se deve evitar distanciar, e assim errar o menos possível. O distanciamento desta generalidade nos levaria a especializações mais específicas.
Foi este distanciamento, com intenções de “melhorar”, “evoluir” ou “aprimorar” a raça – partindo de um ideal imaginário - que a levou onde chegou, com situações muito longe do padrão encontrado no passado, desde o reconhecimento da raça pela cinofilia.
Devemos partir do princípio de que a raça foi forjada em situações que não podemos mais reproduzir, portanto a observação da morfologia mais frequente no passado deve ser um guia para a seleção. E menos o nosso imaginário de ideal.
A criação de mitos e suposições sobre as origens e as funções exercidas no passado, como lutar com onças, acabou por levar os criadores urbanos a forjar formas e comportamentos que não estavam presentes na raça em sua origem.
Neste post procuramos exemplificar o que era típico dos nossos antigos Filas, os originais, ao mesmo tempo considerando os estudos científicos que nos guiam na direção de angulações saudáveis.
Alguns apresentam dorso mais longo, outros dorso mais curto, e assim os cães apresentam uma variedade de proporções no tamanho das pernas relativamente ao tronco e outras pequenas variações morfológicas.
O importante não é eliminar estas variações, que a síndrome da homogeneização persegue, mas saber preservá-las dentro de determinados limites, repetimos, o limite daquilo que é saudável e funcional.
E consideramos saudável, a estrutura que melhor permite conforto animal, conjugado com funcionalidade a serviço do Homem.
Divulgamos algumas fotografias de cães que podem ser considerados de boa morfologia, inclusive alguns que produziram boas linhagens posteriormente, até à década de 1990 ou pouco mais.
Infelizmente a maioria dos descendentes acabaram por se extinguir, substituídos por exemplares disformes da originalidade.
Consideramos que a observação sobre as angulações dos trens anterior e posterior, é bastante importante, já que dizem respeito à estabilidade e também mobilidade dos animais.
Da mesma forma a observação sobre o comprimento das pernas não deve ser desprezada, já que se deseja no OFB uma harmonia funcional que permita força conjugada com agilidade e resistência.
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17 de outubro
Texto da Publicação
Funcional, rustico e saudável.
Em nossa mais recente publicação, procuramos discorrer um pouco a respeito de morfologias de conceito funcional, rustico e saudável, de uma forma conjugada, para a raça Fila Brasileiro, que recai sobre o conceito de raça OFB.
Até o momento do projeto OFB, o conceito de raça para o FB, vinha pouco considerando este conceito, e mais o conceito de homogeneização, sobre bases de supostas qualidades raciais, que nos levaram aos exageros já plenamente conhecidos.
É certo que muito estudo tem que ser feito para se definir o que significa o conceito que adotamos, inclusive evitando-se a homogeneização sistemática da raça, pois é preservando também uma das características fundamentais para esta conceituação – a relativa diversidade morfológica – que poderemos garantir a saúde do plantel.
E não só a saúde mas as várias habilidades raciais, que nos levam a uma raça eclética em termos de funcionalidade – boiadeiro, guarda territorial e caçador de grandes animais. Hoje já testado na caça ao javali com sucesso por alguns.
Sem deixar de considerar a habilidade que tem demonstrado para o adestramento e como cão de proteção pessoal.
Cabe neste post, conforme o conceito de raça que desejamos preservar, algumas considerações a respeito da rusticidade e da saúde, não só relativamente à seleção morfológica, mas relativamente aos ambientes de criação dos cães.
Neste caso precisamos conceituar que ambientes são recomendáveis, já que nos parece, surgem distorções e divergências a respeito deste tema.
Uma parte dos cuidados que temos tido, é de manter os animais em ambientes rústicos, em contato com a natureza, com a terra, com a água de lagos e rios. Consideramos que os cuidados com a morfologia devem se somar aos cuidados com os ambientes.
Observando-se o movimento de algumas ongs de proteção aos animais, especialmente voltadas para cães, vemos exageros no sentido da proteção ao bem estar, que se levados a efeito a longo prazo, acabarão por prejudicar a rusticidade como elemento importante para a saúde animal.
E obviamente, temos que entender que saúde é bem estar!
Recentemente um de nossos criadores foi alvo de uma organização destas de proteção a cães. Ao anunciar filhotes à venda na internet, divulgando fotografias e vídeos de sua cadela com filhotes, ele teve a desagradável surpresa de se ver difamado nas redes, como pessoa que estaria maltratando seus animais.
A razão principal foi que a cadela e os filhotes tinham acesso livre ao quintal de terra. Ao saírem do canil, que tem a parte coberta cimentada, eles tinham contato com a terra.
Denunciado na vigilância animal do município (região Sul do país), ele recebeu notificação e prazo para adequações no canil, mesmo a fiscal tendo constatado que os animais estavam saudáveis e sem ataques de insetos, ácaros, etc, e os filhotes vacinados em primeira dose, conforme a idade.
Nosso criador foi obrigado a cimentar toda a área de acesso dos cães, além de ter que azulejar as paredes do canil, isolando os cães do contato com a terra, que segundo o conceito moderno, “faz mal” à saúde animal.
Na denúncia da ong nas redes, um dos membros divulgou que a cadela estaria desnutrida. A fiscal municipal não solicitou nenhum diagnóstico de saúde, somente constatou que os animais estavam saudáveis.
Diversas situações podemos analisar, decorrente de uma abordagem como esta. Em primeiro lugar como pode alguém, simplesmente por fotografias e vídeos, determinar que um animal em lactação está desnutrido?
E porque a fiscal não solicitou um exame de sangue para constatar o fato, e simplesmente afirmou que o animal não estava desnutrido?
Um simples laudo, diagnosticando que o animal estaria saudável, daria ao nosso criador a garantia cientifica de que ele não estava maltratando os animais.
E como alguém pode determinar que o contato com a terra, configura maus tratos animal?
Isolar gerações de animais da terra não nos levaria a linhagens frágeis, de pouca rusticidade, dependentes de instalações altamente sofisticadas e de medicamentos?
Em uma outra situação um de nossos criadores foi questionado por deixar os cães nadarem em uma lagoa, próxima ao canil.
Nossos cães são animais que em geral dispensam atendimentos veterinários – a não ser vacinas e cuidados ordinários – e se adaptam muito bem a instalações simples. Porque são rústicos e saudáveis, forjados em situações ambientais que os fizeram assim.
Evidentemente que não somos a favor de se manter os animais em situações realmente insalubres, mas há que se definir – tecnicamente e cientificamente - o que é insalubre para um animal de determinada espécie.
Com a palavra nossos veterinários e outros de fora do projeto!
Por outro lado, temos visto situações em que raças apresentam anormalidades morfológicas – muito comum focinhos extremamente curtos – que prejudicam a saúde e o bem estar dos animais.
No entanto não se vê preocupação de organizações com estes fatos. Animais sofrem em decorrência de diversas anomalias, mas estão “vendendo bem”, então tudo segue no silêncio.
Não somos contra as organizações de proteção aos animais, mas devemos alertar para tais fatos, porque se há exageros de um lado, há descaso com situações realmente graves.
Nosso seguidor pode verificar na página de 17 de Fevereiro de 2022, a publicação com o título: “Alerta para o Fila Brasileiro”, onde discorremos a respeito de proibição na Noruega, para a criação de raças prejudicadas por seleção equivocada do ponto de vista da saúde animal.
No nosso artigo, o leitor poderá ver o site do Instituto ICB de Biologia Canina, The institute of Canine Biology: “A Noruega Proíbe a Criação de Bulldogs e Cavaliers. E agora? “ Por Carol Beuchat PhD. Acesse aqui.
O artigo está em Inglês, mas pode ser facilmente traduzido pelo Tradutor Google. Ele descreve em que bases a Noruega tomou tal providência, com argumentação legal sobre maus tratos.
Em um de seus parágrafos, o artigo informa:
- “na Noruega, um caso foi ao tribunal que argumentava que as leis de bem-estar estavam sendo violadas na criação de duas raças, Bulldogs e Cavalier KC Spaniels, por causa de seus problemas de saúde bem documentados. As partes fizeram suas argumentações, e esta semana o tribunal concordou que a criação dessas duas raças violava as leis que protegem o bem-estar dos animais.”
E segue o artigo de forma muito interessante:
-“ A solução para isso é simples. Faça a lista de problemas de saúde específicos da raça dos cães e comece a resolver esses problemas. ... focinhos muito curtos para uma termorregulação eficaz, dobras cutâneas que promovem infecção, costas curtas que resultam em vértebras deformadas e hérnias de disco, etc. Outros não estão relacionados à conformação, mas refletem riscos excepcionais para problemas de saúde, muitas vezes para uma raça específica - morte por DCM, vários tipos de câncer, convulsões, alergias, displasia da anca, doenças neurológicas degenerativas e outras.”
Atitude que devemos esperar das ongs de proteção aos animais, antes de querer humanizar os animais.
E o artigo da cientista segue com recomendações muito pertinentes com o que recomendamos no nosso trabalho do projeto OFB, que aliás nos custou muitas críticas pelos adeptos da homogeneização sistemática:
-“ Aqui está a linha de fundo. Você não pode resolver problemas de saúde se não tiver diversidade genética na raça para selecionar genes que restaurariam a saúde. Você não pode. É simples assim.”
Por isso nossa insistência em manter a diversidade morfológica e genética no OFB.
Nesta publicação vamos postar algumas fotografias de cães de padrão OFB, de nossas criações, mas também de outros movimentos e clubes, com objetivo de demonstrar que o nosso trabalho realizado ao longo de mais de uma década, tem surtido interessante efeito nos julgamentos e nas criações de FB.
Como sempre, postamos para referência, a fotografia de um cão antigo e premiado – Condor de Java - que consideramos de padrão original. Serve para não nos perdermos em nosso trabalho de preservação da raça, já que as linhagens descendentes de muitos destes cães, foram alteradas.
Mais lento no Brasil, mas já acontecendo no exterior, linhagens preservadas são cuidadas em acasalamentos, de forma a se manter o padrão antigo, original. Sem vergonha de ser caipiras, como nós. E não é de hoje.
Neste Facebook, em 19 de Junho de 2021, divulgamos fotografias de linhagens preservadas na Argentina, e agora pela ocasião da exposição Unifila na Itália, podemos perceber os cuidados que vem acontecendo nos acasalamentos, com resultados excelentes do ponto de vista o padrão original.
São da Argentina os cães Rômulo Herdade Forte e Guri Herdade Forte, com forte influência das bases OFB brasileiros.
São do plantel italiano Unifila, os cães da exemplar criação Del Toro, onde se pode observar a excelência da tipicidade que tanto predominou no Brasil na década de 1980, sob orientação de Paulo Santos Cruz.
Observa-se perfeita sintonia com a criação OFB no Brasil, especialmente demonstrada no padrão de cabeça. Os animais jovens se afinam perfeitamente com os jovens OFB das criações nacionais.
No Brasil, a criação rustica mas com animais bem tratados em nada prejudica a saúde, ao contrário confirma a capacidade destes cães conviverem nas fazendas, em contato com a terra.
Esperamos que os criadores brasileiros, assim como os juízes, se movimentem nesta mesma direção, em busca de animais úteis, rústicos e saudáveis.
Nossas publicações são de cunho didático e inteiramente gratuitas. As imagens publicadas estão livremente disponíveis na internet.
29 de novembro
Texto da Publicação
Prezados seguidores e aficionados do projeto de preservação do Original Fila Brasileiro, estamos retomando mais uma publicação onde demonstramos a assertividade com o padrão que criamos.
Assim como aconteceu recentemente na Itália, por ocasião de uma exposição Unifila, também em Espanha através de uma exposição CAFIBE, o padrão original da raça Fila Brasileiro foi respeitado, observado e agraciado com premiações.
Importante que esta adesão chegue ao Brasil, país de origem da raça, e que nossos criadores e juízes não sintam vergonha de nossos caipiras coloniais. O que tem acontecido ao longo de anos, é uma negação de nossa própria história.
Pouco a pouco durante anos, muito antes da criação do Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro, alguns de nossos criadores já seguiam as “pegadas” deste padrão, e a cada momento em que um clube aderia a outro padrão, nós migrávamos na esperança de que um dia se valorizasse nosso caipira.
Foi assim que surgiu o Núcleo, quando poucas opções restavam para a preservação do padrão original. E foi uma atitude acertada, já que nenhum clube estava dedicado à preservação, embora se pudesse encontrar bons cães em vários ambientes.
A questão é que diversos padrões estavam em contato permanentemente, sempre colocando nosso caipira em risco de desaparecer.
Por diversas vezes em algumas de nossas criações, percebia-se o risco de perder o padrão, então retomávamos a animais encontrados pelo interior, após pesquisas que constavam que se tratava de descendentes de criações mais antigas.
O padrão estava lá, sempre disponível e transmissível, embora em raros animais dispersamente pelos interiores. As criações tradicionais de fazendas já estão extintas há tempos, mas cães descendentes ainda se encontram aqui e acolá, devido sua rusticidade e utilidade, principalmente sua funcionalidade ímpar para a guarda territorial.
Com a criação do Núcleo para a preservação da raça, realizamos diversas expedições pelos interiores, e com o advento da internet e nossa divulgação, tem surgido muitos colaboradores que agradecemos, indicando onde poderíamos ainda encontrar exemplares.
De tudo isso, alguns exemplares foram utilizados com sucesso, garantindo-se heterose e vigor para o plantel em formação.
E não para nossa surpresa, mas confirmando nossas crenças, os cães introduzidos trouxeram sempre o mesmo padrão racial, confirmando a pureza e existência real da raça Original Fila Brasileiro.
Neste post queremos reverenciar os dirigentes do CAFIBE, em particular o dedicado Jaime Perez (e família), pela dedicação à nossa raça em Espanha, e agora mais que nunca, por reconhecer a assertividade do padrão original.
Assim como na Argentina e na Itália, o plantel espanhol demonstra estar progredindo na direção do verdadeiro padrão racial de nosso colonial, sem vergonha de ser caipira. Pelo que só temos que agradecer o respeito com nossa raça.
Esperamos que no Brasil, as criações sigam o mesmo caminho. Sabemos que o exemplo é contagiante e esperamos que os bons exemplos o sejam. Se alguns de nós se miram nos exemplos europeus, então tudo indica que é chegada a hora.
Tanto na Itália como em Espanha, percebe-se que as linhagens utilizadas para o resgate do padrão original na Europa, em sua maioria são de cães provenientes do trabalho realizado pelo clube Unifila, coincidindo com algumas de nossas bases genéticas OFB.
O que fizemos – pode-se dizer, tivemos coragem de fazer – foi uma busca maior por genéticas rusticas com origem em antigos criatórios de fazenda, e evitar genética considerada moderna.
Por anos depois da implantação do projeto OFB, sofremos tentativas de desconstrução de nosso trabalho, tentativas de negação pela narrativa de resgate da raça, e tentativas de confundir nossos seguidores. Mas a realidade foi se consolidando, e hoje não há mais dúvidas de que o padrão original existe e é o que representa a raça nativa e colonial.
As opções de criação do Fila Brasileiro permanecem, para quantos padrões escritos ou visuais se desejar, mas o padrão original é claro, transmissível e pode ser criado com segurança.
Nesta publicação, como sempre fazemos, voltamos a postar algumas fotografias antigas de cães premiados sob a batuta de PSC, que servem de referência. E de alguns cães que estão nas bases de planteis como o Clube Mineiro (CMCFB), Unifila e OFB.
Genética que agora vai chegando e compondo planteis de clubes europeus.
Observa-se uma similaridade entre os cães das criações antigas, como
- a fêmea do Clube Mineiro (década de 1980),
- a fêmea de Fazenda Luma de Porto Alegre (1990),
- sua descendente com o cão Zabelê do Caramonã,
- O macho jovem premiado em 1992 pelo kennel Minas Gerais, base para muitos criatórios Unifila,
- a fêmea jovem premiada no kennel Clube de Minas Gerais (1994),
- e a fêmea de mesma origem (2014), resultante deste trabalho preservacionista, utilizada como base para início do projeto OFB.
Da década de 1980 aos atuais OFB de 2022, foram 4 décadas de peleja para se manter o padrão original, que agora passa a ser reconhecido.
A similaridade e identidade racial, continua quando se observa os cães premiados pela ocasião da expo CAFIBE e os atuais cães OFB.
A mesma identidade racial observada também nos cães premiados na Itália pela ocasião da expo Unifila 2022 e a mesma identidade revelada por parte do plantel da Argentina em nossa publicação de 19 de junho de 2021 (Facebook originalfilabr).
São décadas de identidade racial, que emergem hoje na Argentina, na Itália e na Espanha. Se os clubes assim desejarem, poderão como nós, preservar este maravilhoso cão brasileiro.
Material genético existe, com a segurança de pureza provada ao longo de décadas, agora consolidado.
O conceito está provado, o padrão existe, é antigo, é original e é transmissível, portanto a raça OFB é pura, é brasileira e traz consigo história e características próprias e por demais apreciadas.
Fica claro também que nosso interesse nunca foi prejudicar clubes e criações, mas trazer à luz nossa obrigação de brasileiros e criadores da raça, de respeitar o padrão que verdadeiramente representa nossa história e nossa cultura rural.
As primeiras duas imagens são de cães premiados por sob a batuta do primeiro criador e juiz que propôs a restauração da raça, Paulo Santos Cruz.
O macho Forasteiro e a fêmea Fábula, representantes perfeitos do padrão original da raça, na década de 1980. Ambos compatíveis com as premiações realizadas ultimamente na Itália e em Espanha.
Nossas publicações tem objetivo unicamente didático e de divulgação do padrão Original Fila Brasileiro. As imagens utilizadas estão livremente disponíveis na internet.
22 de dezembro
Texto da Publicação
Prezados amigos e aficionados da preservação da mais antiga raça canina brasileira, o Original Fila Brasileiro.
Postamos aqui nossos votos de Natal, com fotografia de grande significado para nossos propósitos de preservação: nosso cão retornando às suas originais funções, sendo testado no exercício da função boiadeira.
A fotografia é do cão Mocambo Sertão (Angico Sanga Curta X Jaguara do Caramonã), 12 meses de idade, sendo treinado no Canil Fazenda Alto Xingu, de Nazir Haddad Filho, a quem agradecemos por disponibilizar esta bela imagem.
A fotografia é do criador OFB José Martins, Canil Mocambo, MT em 19/12/2022.
Que o menino da paz ilumine nossos caminhos, para que continuemos nossas jornadas, na vida profissional, familiar e em todos os nossos bons propósitos.
São os votos de todos os criadores da famÍlia OFB.
31 de dezembro
Texto da Publicação
Prezados amigos que tem nos acompanhado por todos estes anos, agora estamos para virar mais uma "página", estamos perto de iniciar uma nova viagem com trajeto de 365 dias.
Definam bem seu destino, embarquem na plataforma 2023, para uma viagem em que vamos continuar juntos.
Quem tiver mágoas, ressentimentos, pendências ou tristezas na bagagem, favor descarregá-las no balcão 2022.
Deixem na bagagem de 2022 a intolerância, acaso alguém tenha te pedido para levá-la na viagem de 2023, pois ela não caberá no futuro.
Lembrem-se que os passageiros que portarem coração aberto e mãos prontas para construir, terão assento preferencial e farão uma viagem mais confortável e proveitosa.
Que todos apertem o cinto da esperança, deixem para traz as ilusões e desilusões, e olhem pela janela onde se pode ver o céu.
Caso haja períodos de turbulência na viagem, mantenham a calma e paciência, pois nosso PILOTO tem sempre o controle da nave.
A todos uma ótima viagem!
Estes são os votos do Núcleo de Preservação do Original Fila Brasileiro.