Parte 3
Aviso aos usuários de celular: a legenda "ao lado" se refere às imagens que estão "acima"
Acima, vê-se a morfologia encontrada nos cães Originais, antes das alterações da atualidade. À esquerda cães resgatados o interior mineiro por Santos Cruz na década de 1950. À direita cão (tigrado) em açougue, na cidade de Frei Inocêncio MG, por volta de 1980. Filho do cão Danúbio, de fazenda local e da cadela Fera (pag. 55 – livro Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original), resgatada de fazenda da região por Pedro Açougueiro. No Original as pernas são grandes e fortes, de ossatura espessa, para que o alcance do passo seja longo, e os ossos, músculos e tendões suportem grandes jornadas.
À esquerda, o cão Danúbio (RI Cafib), e, à direita, fotografia do cão Leãozinho do Aquenta Sol. As proporções podem ser preservadas.
Brasa do ABC (década de 1950) e fotografia de cão de padrão original, 1983. Mesmas proporções, hoje cada vez mais raras. Muitos criadores e juízes não percebem que seus planteis estão sendo alterados. Perde-se funcionalidade, harmonia e beleza. Perde-se suavidade, prontidão, e a excepcional combinação de força, agilidade, resistência e velocidade, quase única do Original F.B.
Touro do Caramonã (década de 1990) e Aladim da Fazenda Poço Vermelho (década de 1970).
Índia do Puri Moreno à esquerda (RI 2014) e Tigresa do Puri Moreno (2014), sem parentesco.
Foto de fêmea tipo original em 1983, e mesmo animal quando jovem em 1982. No filhote as pernas são maiores proporcionalmente. Veja no novo livro Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original (2018), porque estas pernas não são do Dogue Alemão.
Acima suas fêmeas de tipo original, à esquerda em 2014 e à direita, década de 1980. O bom padrão ainda pode ser salvo.
Com relação à estrutura física “rebaixada” do Fila Brasileiro, independente de qual seja o clube de criação ou documento comprovador de pureza racial, observa-se uma tendência, possivelmente até a valorização deste fenômeno. Abaixo, vemos imagens de cães de estrutura baixa e origens diversas. Importante informar que as imagens podem não ser exatamente a realidade do animal, mas o momento.
Este tipo de alteração na morfologia do Fila Brasileiro, comparativamente aos cães preservados, altera a funcionalidade e distancia estes cães da história da raça. Estudando-se a morfologia funcional e a história do Fila Brasileiro, sendo estes por origem cães de trabalho, devem apresentar aptidão a grandes jornadas. O que não seria possível para cães de pernas curtas e estrutura “rebaixada”. Deixam de configurar portanto como Original Fila Brasileiro. Uma opção de criação que respeitamos, mas questionamos tecnicamente. Em alguns dos cães desta tendencia, a cernelha não ultrapassa a altura dos joelhos de um homem. Fossem cães Originais, o peito estaria na altura em que se apresenta a cernelha. Especialmente para os machos, no Padrão Original esta tendencia deve ser severamente penalizada. Veja no novo livro.
Acima, vê-se com clareza que em cães de porte mais natural, os joelhos de um homem se posicionam à altura do peito, com pequenas variações, não chegando à cernelha. São cães típicos do Padrão Original. É possível se perceber a proposta para a preservação.
Acima, imagens comparativas de cães considerados ideais, para as diferentes concepções: Original Fila Brasileiro e Fila puro (2018). Como diriam modernistas e exportadores: what do you prefer?
Vamos visualizar mais algumas cabeças de filas de padrão original.
Na imagem ao lado: à esquerda, cão da criação Teli Gonçalves em época recente; à direita, cães Parnapuan.
Abaixo, imagens de cabeças de épocas e origens diversas, incluso animais em reprodução.
Há uma proporcionalidade estável e harmoniosa entre crânio o focinho, assim como uma expressão facial única, forte, serena, que reflete um temperamento enérgico. A cabeça define em grande parte a raça, para qualquer espécie de animal. Por isso é tão importante que se siga o padrão quanto a este item.
Temos recebido muitas manifestações de pessoas que se iniciam na raça Fila Brasileiro, se dizendo em dúvida quanto a estarem criando corretamente, ao verem tantos tipos de cães diferentes a receberem premiações de diversos clubes. E as dúvidas recaem mais sobre as cabeças que se vê por aí. Também da parte de criadores decanos temos recebido confissões de dúvidas quanto aos caminhos que a raça toma ultimamente.
Para a construção do Padrão Original Fila Brasileiro, descrevemos com um pouco mais de detalhes o que já consta de outros padrões, de outros clubes para o Fila Brasileiro, reforçando itens de grande importância para a preservação do tipo original. Hoje poucos são os criadores ou juízes que atentam ou se importam de seguir os padrões quanto ao formato de cabeça, as proporções do crânio com relação ao focinho e as proporções e formato dos lábios com relação ao osso nasal.
Portanto não é uma questão do que está escrito, para se trabalhar a preservação do Original, mas uma questão de seguir o que está escrito. Mas mesmo assim, decidimos que reforçando determinados itens que não estão sendo seguidos, reforçamos nossa intenção de segui-los e fazer com que o sigam aqueles que adotam esta raça. O padrão original ainda persiste em várias criações, planteis e materiais genéticos. É uma questão de se separar o que ainda pode ser preservado.
Observe-se o texto abaixo, do Original Fila Brasileiro, com destaques em cores para atenção:
CABEÇA: sempre grande e pesada em relação ao corpo, de aspecto maciço, tipicamente braquicéfala.
Crânio: grande e largo, estreitando um tanto abruptamente, ao iniciar-se o focinho. Jamais a cabeça de um Fila de padrão original poderá ser confundida com a de um Mastif ou Mastin Napolitano, pelo fato de se apresentar tipicamente braquicéfala. Vista de cima, apresenta aspecto nitidamente periforme, que a diferencia dos demais molossos.
Focinho: de perfil romano, forte, largo, levemente mais curto do que o crânio, mas sempre em harmonia com este. De média profundidade em toda a extensão, terminando em linha quase perpendicular ao osso nasal. Lábios superiores grossos, flácidos e pendentes, sobrepondo-se aos inferiores, dando ao focinho aspecto próximo do quadrado, típico dos molossóides. Lábios inferiores firmes na ponta do maxilar, porém soltos nos lados, onde os bordos denteados são moderados. Linha inferior do focinho praticamente paralela à superior. De cor negra, exceto nos cães de pelagem chocolate ou marrom, nos quais o nariz de coloração marrom é permitido. A profundidade do focinho não deve ultrapassar o seu comprimento, devendo o exemplar ser penalizado na medida do descumprimento deste ítem. Vistos de frente, os lábios delineiam formato de “U” invertido.
ORELHAS : grandes, em forma de V, inseridas na parte mais posterior do crânio e na linha média dos olhos, nem muito abaixo nem muito acima. Em consequência da pele solta, a inserção de sua raiz é variável. Quando o cão em atenção, a inserção é alta, atingindo a linha superior do crânio; estando o cão em repouso, a raiz permanece na linha dos olhos ou ligeiramente baixa. As orelhas são de tamanho mediano e largas, não devendo aparentar orelhas do tipo bracoide, grandes e estreitas.
Com os destaques do padrão, poderemos aplicar melhor as correções que não estão sendo levadas a sério na maioria das vezes para o Fila Brasileiro. E assim esperamos poder preservar o que já existe, mas caminha para desaparecer perante os modismos, ou perante as interações recentes entre linhagens tradicionalmente atípicas com linhagens até então preservadas. Produzindo o Moderno Fila Brasileiro, urbanizado e alterado, alguns destes como resultado da tentativa do“puro por cruza”.
São claramente duas raças distintas, com duas propostas de funcionalidade distintas.
As orelhas são implantadas na linha dos olhos e são largas e triangulares. A profundidade do focinho não ultrapassa seu comprimento. O que não é moderno evidentemente.
Qual das imagens acima reproduz com fidelidade o desenho orientado por Paulo Santos Cruz, ao centro?
Em qual das imagens, XY = XZ? Ou XY = ZS?
Em quais estudos e conhecimentos se baseou para melhorar ou aprimorar o FB, a ponto de distanciá-lo dos ensinamentos do criador do primeiro padrão da raça ?
Observe abaixo a fêmea tigrada, registrada em RI, 2014, pelo Núcleo de Preservação do Original FB, e compare com o campeão Zambê de Parnapuã, (cabeça a cabeça), década de 1960. A possibilidade de resgate do Original, ainda é real.
Observe a fêmea tigrada, registrada em RI, 2014, pelo Núcleo de Preservação do Original FB, e compare com o tetracampeão Zambê de Parnapuã, em 1963.
A possibilidade de resgate do Original ainda é real!